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QUESTÃO INDÍGENA
Serviço de saúde estaria ameaçado
Orçamento de 2001 pode reduzir verbas do atendimento a índios
ANDRÉA DE LIMA
DA AGÊNCIA FOLHA
A verba destinada à saúde indígena no ano que vem poderá sofrer um corte de 27,57% se a Comissão Mista do Orçamento no
Congresso não aprovar, em duas
semanas, uma proposta que eleva
os atuais R$ 80 milhões previstos
para R$ 106 milhões, necessários à
continuidade da prestação dos
serviços. A afirmação é do relator
de saúde da comissão, deputado
Narcio Rodrigues (PSDB-MG).
"É preciso corrigir o erro do
Executivo, que pleiteou R$ 26 milhões a menos para o setor." Desde agosto de 1999, a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), órgão
do Ministério da Saúde, assumiu
o controle da saúde dos 350 mil
índios no país. A própria Funasa
anunciou, no início deste mês, o
corte de 45% das verbas destinadas à saúde indígena no Distrito
Sanitário Ianomâmi, em Roraima, para 2001.
De acordo com comunicado de
6 de novembro, os recursos previstos para quatro organizações
não-governamentais que prestam
serviços de saúde no distrito é de
R$ 8 milhões, contra os R$ 15 milhões previstos para este ano.
"Essa redução poderá inviabilizar a continuidade do nosso trabalho, como vacinação, combate
à malária e visita às 188 aldeias",
disse o médico Cláudio Esteves de
Oliveira, presidente da ONG Urihi. As outras entidades envolvidas
são IDS, Secoya e Isma.
O diretor de saúde indígena da
Funasa, Ubiratan Pedrosa Moreira, negou o corte de verbas. "Em
termos globais, não haverá redução de recursos. Para o ano que
vem, há uma aparente redução,
porque já foi feita boa parte da
compra de equipamentos, veículos e construções necessários."
Segundo ele, os R$ 26 milhões
que faltam virão com programas
de controle de malária e de vigilância ambiental e epidemiológica. "Eu garanto que o Congresso
vai aprovar esse excedente."
Para Moreira, "esse teto está
sendo discutido com as ONGs e
os índios. A partir daí, eles devem
nos apresentar, até 15 de dezembro, uma proposta de implementação dos distritos de saúde".
A CCPY (Comissão Pró-Ianomâmi) declarou em documento
enviado à Funasa que, se houver
corte, os índios estarão sob ameaça de perder a assistência. Para o
secretário-executivo da entidade,
Fernando Bittencourt, o corte pode chegar a 45% das verbas, pois o
governo não estaria contabilizando recursos encaminhados a dois
hospitais especializados em atendimento ianomâmi em Boa Vista.
"Ninguém pode garantir que a
verba excedente será aprovada no
futuro", disse Bittencourt.
Segundo o diretor da Funasa, a
nota foi "encarada com bastante
naturalidade". Ele disse que a
preocupação é justa e há disposição do governo de obter recursos.
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