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"Dom Luiz Inácio" é
saudado e ataca Menem
DO ENVIADO ESPECIAL À ARGENTINA
Luiz Inácio Lula da Silva fez sua
estréia internacional como presidente eleito se referindo a uma
única palavra em espanhol durante toda a sua agenda em Buenos Aires: "hambre" (fome).
Aos parlamentares argentinos,
com os quais se encontrou no final da tarde, afirmou: "Vou trabalhar 24 horas todos os dias enquanto houver gente passando
"hambre'". Não explicou que era o
equivalente à fome e ainda repetiu
a expressão.
Nas duas vezes em que o protocolo referiu-se a ele como "dom
Luiz Inácio" -um pronome de
tratamento mais formal para o
equivalente a "senhor" em português- Lula sorriu. No Congresso, chegou a cochichar algo a respeito com o presidente da Câmara, Eduardo Camaño.
Camaño, que apresentou o presidente eleito em discurso aos
parlamentares, por sua vez, chamou-o de "dom Inácio Luiz".
Em três discursos -um na Residência Oficial da Presidência,
outro na Prefeitura de Buenos Aires e o último no Congresso-
Lula falou em português, com tradução total apenas do primeiro
deles. Na prefeitura, a intérprete
se confundiu, e o presidente eleito
discursou sem que fosse traduzido. No Congresso, falou por cerca
de dez minutos sem tradução.
O clima foi sempre de saudação
pela vitória, mas, no parlamento
argentino, Lula fez uma crítica indireta a seu principal desafeto no
país, o ex-presidente Carlos Menem. "Houve um político argentino que foi ao Brasil e disse que, se
o Lula ganhasse as eleições, o
Mercosul acabaria. O Mercosul de
fato quase acabou, mas o presidente não era eu", declarou.
Lula afirmou que Argentina e
Brasil deveriam ter feito conjuntamente o processo de desvalorização de suas moedas.
André Singer, porta-voz de Lula, confirmou que os nomes do
ministério podem ser anunciados
nesta semana.
Lula fez um discurso menos formal na Prefeitura da Buenos Aires. A fala foi aplaudida várias vezes por políticos -a maioria de
centro-esquerda- e representantes de movimentos sociais.
(PLÍNIO FRAGA E MARCELO BILLI)
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