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IRREGULARIDADES
Auditoria constata compras de remédios feitas sem licitação
Governo aponta má gestão da saúde no Distrito Federal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Auditoria feita pelo Ministério
da Saúde na Secretaria da Saúde
do Distrito Federal, realizada entre os dias 25 e 29 últimos, constatou má gestão dos recursos do
SUS (Sistema Único de Saúde), falhas de planejamento e controle e
falta de medicamentos e de material hospitalar.
Segundo o Ministério da Saúde,
60% das compras de medicamentos analisadas pelos auditores foram feitas com dispensa de licitação. Alguns produtos foram adquiridos por valores até 374% acima do valor de referência do ministério.
Muitos dos medicamentos em
falta nas unidades de saúde foram
encontrados trancados em salas
da Secretaria da Saúde, conforme
fotos anexadas à auditoria.
Os auditores constaram que o
objetivo era deixar os remédios
acabarem para induzir os pacientes a entrar na Justiça e obter liminares obrigando o governo local a
providenciar os remédios. As liminares seriam uma justificativa
para a compra sem licitação.
Segundo a auditoria, os recursos financeiros dos programas estratégicos, de atenção básica e de
média e alta complexidade são
movimentados em conta única,
contrariando recomendação do
ministério. Por isso, não é possível identificar se os recursos foram utilizados nas ações a que se
destinavam.
Segundo o ministério, constatou-se que faltam diversos medicamentos, como anestésicos, pré-anestésicos e antibióticos.
Os estoques de medicamentos
excepcionais estão abaixo do nível crítico, com apenas 21 itens
disponíveis, dos 102 recomendados pelo ministério.
De 87 itens de medicamentos da
atenção básica, 38 estão com estoque zero. No programa de saúde
mental, de 28 medicamentos padronizados, apenas oito itens estão disponíveis.
Além disso, faltam reagentes
para testes, como o de HIV (vírus
que provoca a Aids).
A auditoria confirmou que não
há insuficiência ou atraso nos repasses de recursos financeiros do
Ministério da Saúde para o DF.
As transferências para compra
de medicamentos, materiais hospitalares e para todos os procedimentos médicos e ambulatoriais
têm sido feitos em dia, segundo o
ministério.
A investigação é resultado do
trabalho de um Grupo de Acompanhamento e Responsabilização, formado pelo Ministério Público Federal e por auditores de
controle e avaliação do Ministério
da Saúde. A auditoria teve a participação da própria Secretaria da
Saúde do Distrito Federal.
O grupo proporá medidas disciplinares legais, como o ressarcimento de recursos e reposição de
estoques e insumos.
O procurador da República Roberto Santoro encaminhou ontem o relatório da auditoria para o
Ministério Público Federal do
Distrito Federal.
Santoro acrescentou, como sugestão, a abertura de procedimento para investigar a autoria de
mau uso de verbas do Fundo Nacional de Saúde e má gestão dos
recursos federais.
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