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Para relator, prisão de Valério é "difícil"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), disse ontem achar
"difícil" que o publicitário Marcos
Valério de Souza seja punido pelos supostos crimes que cometeu,
mesmo havendo indício de sonegação e lavagem de dinheiro -a
impressão de 80 mil notas fiscais
frias-, devido à "impunidade
existente no país".
Serraglio disse esperar que o
Ministério Público e a Polícia Federal peçam a prisão preventiva
de Valério sob a acusação de alteração dos registros contábeis das
empresas, supostamente para
atrapalhar as investigações.
O relator não está confiante sobre a prisão temporária porque o
publicitário tem comparecido, até
voluntariamente, para prestar depoimentos. "Com as notas falsas é
de se supor que a Polícia Federal
requeira a prisão preventiva",
afirmou o relator.
Em julho, o presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, negou pedido de prisão preventiva do publicitário
apresentado pela Polícia Federal
alegando que ele deveria ter sido
feito pela Procuradoria Geral da
República -que afirmou precisar de mais provas.
"Acho que ele tem absoluta confiança na impunidade desse país e
espera o processo, que, com bons
advogados, vai acabar nas calendas. É difícil falar que Marcos Valério, que tem meios, recursos e
força, responderá amanhã pelo o
que fez", disse Serraglio.
O pedido de prisão preventiva
em julho foi motivado por operação da Polícia Civil de Minas Gerais que apreendeu mais de 2.000
notas fiscais da agência DNA, que
estavam sendo queimadas.
Um laudo contábil da Polícia
Federal, revelado pela CPI dos
Correios, apontou que a DNA e a
SMPB, outra empresa de Valério,
imprimiram 80 mil notas fiscais
falsas e emitiram pelo menos quatro delas para justificar o recebimento de recursos de empresas
públicas -entre elas, Banco do
Brasil e Eletronorte. "É uma fraude generalizada", disse o relator
da CPI. "Cada vez que achamos
que chegamos ao final, vemos que
estamos apenas começando."
Em nota, Valério informou ontem que todas as notas fiscais estão lançadas na contabilidade e
com os devidos impostos retidos
na fonte. Ele afirmou ainda que a
a DNA e a SMPB ainda não tiveram acesso ao laudo. Quando tiverem, vão se pronunciar sobre
eventuais incorreções.
Para Eduardo Paes (PSDB-RJ),
integrante da CPI, Valério fabricou as notas para justificar o aumento artificial de receita. Valério
diz que a contabilidade das agências tem aumento de receita com
posterior aumento de despesa,
devido ao pagamento de fornecedores e de veiculação de anúncios.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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