São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2005

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CASO MALUF

Força-tarefa quer acesso a dados bancários de Maluf no paraíso fiscal

Comitiva vai a Jersey pedir documentos de ex-prefeito

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma comitiva liderada pelo secretário municipal dos Negócios Jurídicos de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, participou de audiência de dia inteiro na última quarta-feira com autoridades da Justiça na ilha de Jersey, no canal da Mancha, para tratar da liberação de dados bancários ligados ao ex-prefeito Paulo Maluf naquele paraíso fiscal.
O pedido brasileiro foi encaminhado a autoridades de Jersey em 2001, após a Folha ter noticiado que a polícia da ilha havia bloqueado cerca de US$ 200 milhões em aplicações financeiras no nome de Maluf e de familiares.
Recentemente, a Procuradoria de Jersey havia se manifestado favoravelmente à remessa dos papéis. Advogados locais contratados por Maluf recorreram para ter acesso ao teor do processo aberto contra o prefeito. O caso corre sob segredo de Justiça.
A força-tarefa é formada por representantes do município de São Paulo e do Ministério Público.
A audiência foi realizada depois que algumas empresas offshore entraram com requerimento na Procuradoria Geral de Jersey com o objetivo de tornar público o pedido de cooperação feito pelo Brasil. Essa solicitação está sendo estudada pela Procuradoria.
Além de Marrey, participaram da comitiva Celso Foccaro, procurador-geral do município, Rodrigo de Grandis, procurador da República, Sílvio Marques, procurador de Justiça da Cidadania, e Vanine Lima, representando o Ministério da Justiça.
O principal objetivo da missão foi reforçar o interesse do Brasil na recuperação de valores que teriam sido desviados do município. Os processos abertos na Justiça Federal e na Justiça Estadual apontam a prefeitura paulistana como vítima dos desvios. Ou seja, teria sido montado um esquema de subtração de recursos do município por meio de lavagem em paraísos fiscais.

Obras públicas
Segundo o Ministério Público, o dinheiro que abasteceu as contas ilegais saiu de obras públicas durante a gestão de Maluf na Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e 1996. A Promotoria de Cidadania de São Paulo entrou com ação civil contra Maluf e outras 37 pessoas e empresas, pedindo a devolução de R$ 5 bilhões ao erário.
Autoridades brasileiras acreditam que a família Maluf seja beneficiária de aproximadamente US$ 200 milhões que estão bloqueados em Jersey.
A força-tarefa pretende obter a liberação de documentos sobre a movimentação financeira, a indicação de contas ou outras formas de depósito, para que a Justiça brasileira pleiteie formalmente a repatriação do dinheiro.
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Maluf, disse que a força-tarefa "está perdendo tempo, pois não há nenhum dinheiro de Maluf depositado em Jersey".
"Foram passear de graça", comentou Laranjeira.


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