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CASO MALUF
Força-tarefa quer acesso a dados bancários de Maluf no paraíso fiscal
Comitiva vai a Jersey pedir documentos de ex-prefeito
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma comitiva liderada pelo secretário municipal dos Negócios
Jurídicos de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, participou de audiência de dia inteiro na
última quarta-feira com autoridades da Justiça na ilha de Jersey, no
canal da Mancha, para tratar da liberação de dados bancários ligados ao ex-prefeito Paulo Maluf
naquele paraíso fiscal.
O pedido brasileiro foi encaminhado a autoridades de Jersey em
2001, após a Folha ter noticiado
que a polícia da ilha havia bloqueado cerca de US$ 200 milhões
em aplicações financeiras no nome de Maluf e de familiares.
Recentemente, a Procuradoria
de Jersey havia se manifestado favoravelmente à remessa dos papéis. Advogados locais contratados por Maluf recorreram para
ter acesso ao teor do processo
aberto contra o prefeito. O caso
corre sob segredo de Justiça.
A força-tarefa é formada por representantes do município de São
Paulo e do Ministério Público.
A audiência foi realizada depois
que algumas empresas offshore
entraram com requerimento na
Procuradoria Geral de Jersey com
o objetivo de tornar público o pedido de cooperação feito pelo
Brasil. Essa solicitação está sendo
estudada pela Procuradoria.
Além de Marrey, participaram
da comitiva Celso Foccaro, procurador-geral do município, Rodrigo de Grandis, procurador da
República, Sílvio Marques, procurador de Justiça da Cidadania, e
Vanine Lima, representando o
Ministério da Justiça.
O principal objetivo da missão
foi reforçar o interesse do Brasil
na recuperação de valores que teriam sido desviados do município. Os processos abertos na Justiça Federal e na Justiça Estadual
apontam a prefeitura paulistana
como vítima dos desvios. Ou seja,
teria sido montado um esquema
de subtração de recursos do município por meio de lavagem em
paraísos fiscais.
Obras públicas
Segundo o Ministério Público, o
dinheiro que abasteceu as contas
ilegais saiu de obras públicas durante a gestão de Maluf na Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e
1996. A Promotoria de Cidadania
de São Paulo entrou com ação civil contra Maluf e outras 37 pessoas e empresas, pedindo a devolução de R$ 5 bilhões ao erário.
Autoridades brasileiras acreditam que a família Maluf seja beneficiária de aproximadamente
US$ 200 milhões que estão bloqueados em Jersey.
A força-tarefa pretende obter a
liberação de documentos sobre a
movimentação financeira, a indicação de contas ou outras formas
de depósito, para que a Justiça
brasileira pleiteie formalmente a
repatriação do dinheiro.
Adilson Laranjeira, assessor de
imprensa de Maluf, disse que a
força-tarefa "está perdendo tempo, pois não há nenhum dinheiro
de Maluf depositado em Jersey".
"Foram passear de graça", comentou Laranjeira.
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