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REGIME MILITAR
General questiona parecer
Comissão adia julgamento do caso Iara
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
A Comissão de Mortos e Desapa
recidos Políticos do Ministério da
Justiça transferiu para janeiro do
próximo ano o julgamento do pe
dido de indenização da família de
Iara Iavelberg, ativista política que
foi mulher do ex-líder guerrilheiro
Carlos Lamarca.
O general Oswaldo Pereira Men
des, representante das Forças Ar
madas na comissão, pediu vista do
processo por discordar do voto fa
vorável à indenização dado pela
relatora do processo, Suzana Lis
boa. Ela representa as famílias dos
desaparecidos e mortos durante o
regime militar (1964-85).
"O caso será tão polêmico quan
to o de Lamarca. O pedido da famí
lia de Lamarca foi atendido, mas
motivou protestos dos presidentes
dos clubes militares e do Ministé
rio Público", disse o general.
Segundo a versão das Forças Ar
madas, Iara praticou suicídio para
não ser presa durante o cerco poli
cial realizado em agosto de 71 ao
prédio onde morava, em Salvador.
Ela militou na VPR (Vanguarda
Popular Revolucionária) e no
MR-8 (Movimento Revolucioná
rio 8 de Outubro)
"O Estado não pode pagar inde
nização para quem resolveu se sui
cidar em um apartamento particu
lar", disse o general. "Eu tenho
votado favorável a pedidos de in
denizações de pessoas mortas em
dependências militares."
O voto favorável da relatora é ba
seado em parte no rascunho do
laudo elaborado na época pelo le
gista Charles Pitex.
Segundo o rascunho, Iara foi
morta com um tiro no peito es
querdo, disparado à queima-rou
pa. "Morte violenta (suicídio?)",
questiona o médico, conforme a
relatora. Suzana disse que a comis
são já indenizou 18 casos em que as
versões apontavam suicídios.
Ela reconhece a inexistência de
"provas cabais" sobre o assassina
to de Iara. Mas diz ser inegável que
ela morreu "sob a guarda do Esta
do, em cerco indiscutível, e por
causa não natural". Ela inclui no
relatório depoimentos e docu
mentos das Forças Armadas.
Na sessão de ontem, a comissão
aprovou por 4 votos a 2 o pedido
de indenização da família do estu
dante Eremias Delizoicov, ex-mili
tante da VPR, morto durante ope
ração militar em 69 no Rio.
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