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ESTRÉIA
Ao ministério, presidente anuncia medidas contra a prostituição infantil e a fome
Lula carimba 1ª reunião do
governo com agenda social
DOS ENVIADOS A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva buscou ontem reforçar o carimbo social de seu governo na
primeira reunião ministerial no
Palácio do Planalto, após ter sido
empossado. Apesar de manter o
tom de austeridade nos gastos públicos, disse que isso não afetará
as promessas da área social.
Ao final de cinco horas e meia
de um encontro que invadiu o horário do almoço -durou uma
hora e meia a mais do que o previsto-, o porta-voz de Lula, André Singer, anunciou uma série de
medidas, destinadas a manter sintonia com o discurso de anteontem do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que defendeu
uma "revolução social", enviando
o recado de que o governo petista
não se limitará a manter a estabilidade macroeconômica.
"O presidente disse aos ministros que, apesar do controle de
gastos, os projetos sociais serão
implantados", afirmou Singer.
As principais ações anunciadas
ontem, todas ainda em estado
embrionário e sem detalhamento
de como serão efetivadas, referem-se às áreas de saúde, geração
de emprego e renda, combate à
fome e proteção à infância.
Segundo a Folha apurou, uma
das medidas discutidas na reunião foi a distribuição de alimentos produzidos por cooperativas
agrícolas para áreas carentes. A
sugestão teria sido feita pelo ministro Roberto Rodrigues (Agricultura). O uso da rede dos Correios para ajudar o programa Fome Zero também foi apresentada.
A reunião foi descontraída e aos
ministros foram servidos água,
café e refresco. Lula interrompia
os ministros eventualmente e fez
anotações durante as exposições.
Ele determinou que seja iniciada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, uma operação para combater a prostituição
infantil. Recomendou expressamente o ataque à impunidade de
pessoas que exploram a atividade.
Na área de geração de renda, pediu ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, a aceleração
de estudos para ampliação das
cooperativas populares de crédito. Em sua campanha, Lula insistiu nesse ponto: pregou a formação de cooperativas para que haja
crédito barato e menor dependência da população de baixa renda de financiamento bancário.
Preocupado com a possibilidade de repetição de uma epidemia
de dengue, como a do ano passado no Rio de Janeiro, o presidente
determinou ao seu ministro da
Saúde, Humberto Costa, que faça
um monitoramento emergencial
das ações de prevenção à doença.
No quesito combate à fome, que
tomou grande parte da reunião,
Lula afirmou aos ministros que o
Fome Zero terá caráter "interministerial" -será uma política de
toda a sua equipe, não apenas da
pasta da Segurança Alimentar. O
titular do ministério, José Graziano, fez uma longa exposição do
projeto, usando transparências.
Os ministros foram convocados a
estudar ações em suas pastas que
colaborem com o plano.
Lula também confirmou a suspensão por um ano da licitação
para renovar a frota de caças da
Força Aérea Brasileira. O valor da
compra, de US$ 700 milhões, será
economizado, diz o governo, para
gastos no combate à fome.
Pobreza absoluta
Na reunião, Palocci fez uma exposição de cerca de 20 minutos,
em que procurou demonstrar otimismo com as perspectivas econômicas. O ministro avaliou que
o cenário vem apresentando melhora desde o período de transição e que isso tem se refletido, por
exemplo, na queda do dólar.
O presidente também definiu o
ponto de partida de seu giro pelo
Nordeste com ministros, na sexta-feira que vem: a cidade de Guaribas (PI), que vive situação social
"particularmente difícil", nas palavras de Singer. "Será uma viagem de contato com a pobreza
absoluta", disse.
Participaram todos os ministros
e secretários de Estado, além do
vice, José Alencar. A exceção foi o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles. Em uma fala
de 25 minutos, Lula recomendou
a seus ministros que tenham moderação na definição de metas e
promessas. Citando as manifestações de apoio que tem recebido,
disse que todas as ações do governo serão acompanhadas de perto
pela população e vão gerar grande
expectativa.
(PATRICIA ZORZAN, FÁBIO ZANINI, JULIA DUAILIBI, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E HUMBERTO MEDINA)
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