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Petista da ala esquerda é novo líder
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Nelson Pellegrino
(BA), 42, foi escolhido ontem por
aclamação pela bancada do PT
novo líder do partido na Câmara.
Ele afirmou que o PT "vai sustentar" o governo Luiz Inácio Lula da
Silva e exigir fidelidade de seus
deputados, mas defendeu algumas das posições da esquerda do
partido, que ele representa.
O integrante da corrente Força
Socialista declarou ser pessoalmente contra a autonomia do
Banco Central e a contribuição
dos inativos, defendidas pela direção partidária. Mas acrescentou
que a bancada chegará a um consenso. Pellegrino já assumiu a liderança, substituindo João Paulo
Cunha (SP).
(LUCIO VAZ)
Folha - Alguns deputados petistas são contra a autonomia do BC.
Será esse o primeiro problema da
nova bancada?
Nelson Pellegrino - O nosso ministro Palocci [Antonio Palocci
Filho, Fazenda" esteve ontem [anteontem" aqui e já há um compromisso nosso de fazer um seminário da bancada para que fique clara essa questão. É óbvio que essa é
uma posição polêmica na bancada. Mas acho que vamos chegar a
uma posição consensual entre a
bancada e o governo.
Folha - Uma das suas funções será
tentar pacificar a chamada ala radical do PT?
Pellegrino - Isso é um fetiche. O
partido sempre teve seus segmentos organizados. Essa é a riqueza
do partido. Mas o consenso será
produzido, porque o governo de
Lula é o nosso governo e vamos
sustentar este governo.
Folha - O senhor é a favor da autonomia do BC?
Pellegrino - Nós somos contrários é a que a política monetária
governe o país. Nós temos o presidente, temos o ministro da Fazenda. Esses, juntamente com os demais ministros, vão governar o
país. Vamos fazer esse debate de
forma não ideologizada. O que há
é um consenso da nossa bancada
de que quem tem de governar o
país é a política econômica que foi
legitimada nas urnas.
Folha - O sr. é contra a posição de
Lula, favorável à autonomia do BC?
Pellegrino - A posição do companheiro Lula é de considerar
também isso, de que quem tem de
governar o país é a política que foi
eleita nas urnas. A questão sobre a
autonomia do BC nós vamos discutir na bancada e vamos chegar a
uma posição consensual.
Folha - Nesta legislatura, o sr. foi
contra ou a favor da autonomia?
Pellegrino - Essa discussão não
pode ser feita dessa forma. A gente tem que instalar um debate leal.
Não dá para ficar nessa discussão:
fomos contra no passado e agora
somos a favor, ou vice-versa. Temos que localizar as coisas dentro
do seu contexto histórico. Temos
um novo governo no país, temos
uma nova política econômica.
Folha - O governo Lula deverá
tentar aprovar a contribuição dos
inativos. Como convencer a bancada a votar a favor de posições que
sempre criticou?
Pellegrino - A Previdência é sustentada pelo governo, pela sociedade e pelos trabalhadores. Temos que construir um equilíbrio
para a Previdência. Eu, a princípio, acho que, no atual sistema,
não devemos cobrar contribuição
de inativos, mas esse é um debate
de quem tem que financiar a Previdência. A preocupação do companheiro Lula é que a Previdência
seja uma garantia para agora e para o futuro.
Folha - Haverá punição a quem
votar contra a posição da bancada?
Pellegrino - O PT é um partido
democrático, todos têm direito de
manifestar suas idéias. Agora, é
um partido político. A partir do
momento em que as instâncias
partidárias fecham uma posição,
todos tem de votar com a posição
do partido. Se essas coisas ocorrerem, vamos, à luz do regimento
do partido, adotar posições.
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