São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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Petista da ala esquerda é novo líder

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Nelson Pellegrino (BA), 42, foi escolhido ontem por aclamação pela bancada do PT novo líder do partido na Câmara. Ele afirmou que o PT "vai sustentar" o governo Luiz Inácio Lula da Silva e exigir fidelidade de seus deputados, mas defendeu algumas das posições da esquerda do partido, que ele representa.
O integrante da corrente Força Socialista declarou ser pessoalmente contra a autonomia do Banco Central e a contribuição dos inativos, defendidas pela direção partidária. Mas acrescentou que a bancada chegará a um consenso. Pellegrino já assumiu a liderança, substituindo João Paulo Cunha (SP). (LUCIO VAZ)

 

Folha - Alguns deputados petistas são contra a autonomia do BC. Será esse o primeiro problema da nova bancada?
Nelson Pellegrino
- O nosso ministro Palocci [Antonio Palocci Filho, Fazenda" esteve ontem [anteontem" aqui e já há um compromisso nosso de fazer um seminário da bancada para que fique clara essa questão. É óbvio que essa é uma posição polêmica na bancada. Mas acho que vamos chegar a uma posição consensual entre a bancada e o governo.

Folha - Uma das suas funções será tentar pacificar a chamada ala radical do PT?
Pellegrino
- Isso é um fetiche. O partido sempre teve seus segmentos organizados. Essa é a riqueza do partido. Mas o consenso será produzido, porque o governo de Lula é o nosso governo e vamos sustentar este governo.

Folha - O senhor é a favor da autonomia do BC?
Pellegrino
- Nós somos contrários é a que a política monetária governe o país. Nós temos o presidente, temos o ministro da Fazenda. Esses, juntamente com os demais ministros, vão governar o país. Vamos fazer esse debate de forma não ideologizada. O que há é um consenso da nossa bancada de que quem tem de governar o país é a política econômica que foi legitimada nas urnas.

Folha - O sr. é contra a posição de Lula, favorável à autonomia do BC?
Pellegrino
- A posição do companheiro Lula é de considerar também isso, de que quem tem de governar o país é a política que foi eleita nas urnas. A questão sobre a autonomia do BC nós vamos discutir na bancada e vamos chegar a uma posição consensual.

Folha - Nesta legislatura, o sr. foi contra ou a favor da autonomia?
Pellegrino
- Essa discussão não pode ser feita dessa forma. A gente tem que instalar um debate leal. Não dá para ficar nessa discussão: fomos contra no passado e agora somos a favor, ou vice-versa. Temos que localizar as coisas dentro do seu contexto histórico. Temos um novo governo no país, temos uma nova política econômica.

Folha - O governo Lula deverá tentar aprovar a contribuição dos inativos. Como convencer a bancada a votar a favor de posições que sempre criticou?
Pellegrino
- A Previdência é sustentada pelo governo, pela sociedade e pelos trabalhadores. Temos que construir um equilíbrio para a Previdência. Eu, a princípio, acho que, no atual sistema, não devemos cobrar contribuição de inativos, mas esse é um debate de quem tem que financiar a Previdência. A preocupação do companheiro Lula é que a Previdência seja uma garantia para agora e para o futuro.

Folha - Haverá punição a quem votar contra a posição da bancada?
Pellegrino
- O PT é um partido democrático, todos têm direito de manifestar suas idéias. Agora, é um partido político. A partir do momento em que as instâncias partidárias fecham uma posição, todos tem de votar com a posição do partido. Se essas coisas ocorrerem, vamos, à luz do regimento do partido, adotar posições.


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