|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GONGRESSO
Câmara propõe aumento para auxílio-moradia, verba de gabinete e ajuda nos Estados; custo seria de R$ 109,7 mi ao ano
Deputados querem mais verba para "extras"
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o governo Luiz Inácio
Lula da Silva fala em contenção de
gastos, a Mesa da Câmara pretende aumentar em 40% a verba destinada à contratação dos funcionários dos gabinetes dos deputados, além de propor reajuste do
valor destinado a despesas e do
auxílio-moradia.
Com a proposta, os recursos para contratação de funcionários
passariam de R$ 25 mil para R$ 35
mil por deputado. Já a verba para
cobrir despesas nos Estados subiria de R$ 7.000 para R$ 12 mil e o
auxílio-moradia iria de R$ 3.000
para R$ 5.000.
O custo com os aumentos seria
de R$ 109,7 milhões anuais.
A bancada do PT recebeu a proposta ontem e aprovou um aumento máximo de 20%, o que elevaria a verba de gabinete para R$
30 mil e os recursos para cobrir
despesas nos Estados para R$
8.400. Os petistas vetaram o aumento do auxílio-moradia. O impacto total da proposta do PT seria de R$ 39,4 milhões.
Cavalcanti
A proposta em estudo foi apresentada à Mesa pelo primeiro-secretário, Severino Cavalcanti
(PPB-PE), o mesmo que propôs o
aumento dos salários dos deputados e senadores de R$ 8.270 para
R$ 12,7 mil.
O aumento foi aprovado na última sessão deliberativa da Câmara
de 2002 e referendado pelo Senado no mesmo dia, gerando um
impacto de mais R$ 39 milhões no
Orçamento.
Cavalcanti afirmou que o aumento "é uma questão de justiça
com os funcionários".
"Nós já resolvemos um problema [o aumento do salário dos
próprios deputados". Agora, temos que resolver todos", disse o
primeiro-secretário da Câmara.
Ele justificou o aumento do auxílio-moradia pelo reajuste dos
preços dos hotéis nos últimos
quatro anos.
Embora a Câmara disponha de
430 apartamento funcionais, mais
da metade dos 513 deputados mora em hotéis de Brasília e recebe o
auxílio-moradia, deixando 200
apartamentos vazios.
Muitos deputados federais
usam a verba paga mensalmente
pela Câmara para comprar flats
em Brasília.
Decisão
O aumento da verba será decidido pela Mesa em janeiro, ainda na
atual legislatura, para valer a partir de fevereiro, quando os novos
deputados tomam posse.
Beneficiará cerca de 7.500 funcionários. Como não se trata de
reajuste automático de salários, o
aumento será aprovado por ato
da Mesa, não precisando ser
aprovado pelo plenário.
Também está em estudo o aumento do limite do número de
funcionários contratados, de 18
para 20 por gabinete. Assim, os
deputados poderão optar pela
contratação de mais dois funcionários, em vez de conceder reajuste aos seus servidores.
Muitos deputados aproveitam a
verba de gabinete para contratar
parentes, reforçando assim a renda familiar.
Levantamento feito pela Folha
em 1999 mostrou que pelo menos
187 deputados contratavam 315
parentes, incluindo mulheres, filhos, pais, sobrinhos, primos, cunhados e até netos.
A verba para manter os escritórios nos Estados cobre despesas
como aluguel de carro, avião,
combustível, refeições, hotel, aluguel de imóveis e propaganda.
Cada despesa precisa ser comprovada com a apresentação de nota
fiscal. Essa verba foi paga a partir
da gestão do ex-presidente da Casa Aécio Neves (PSDB-MG), atual
governador de Minas.
O aumento da verba de gabinete
vinha sendo tratado sigilosamente até ontem, quando Cavalcanti
fez uma visita à reunião da bancada do PT. A proposta foi parcialmente aprovada pelos petistas.
Além das verbas extras, os deputados contam com quatro passagens aéreas por mês para os Estados de origem, verba para telefone e correspondência e material
impresso na gráfica do Senado.
Texto Anterior: Governo dos EUA diz que decisão não interfere nas relações com o Brasil Próximo Texto: Petista da ala esquerda é novo líder Índice
|