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Delegado procura especialistas
da Reportagem Local
O delegado Múcio Alvarenga,
que assumiu o inquérito do caso
do Noroeste quando o antigo responsável, Romeu Tuma Jr., licenciou-se para disputar as eleições,
tem 38 anos, é engenheiro e advogado. Nunca havia se defrontado
com um crime financeiro da complexidade e das proporções do caso Noroeste.
Pouco afeito a transações bancárias internacionais e a normas contábeis, Alvarenga teve o cuidado
de recorrer a especialistas nesta
primeira fase do inquérito. E deve
ter ouvido as sugestões de outros
advogados. Exemplo disso é o longo questionário formulado a quatro auditores da Price Waterhouse,
que não responderam, alegando o
dever de sigilo da profissão.
Os auditores da Price também ficaram devendo explicações em
outra instância. A Price foi questionada em assembléia do Noroeste, em 30 de abril, pela acionista
CIS (Companhia Internacional de
Seguros). Trata-se da seguradora
que pertenceu a Naji Nahas, hoje
em liquidação extrajudicial.
A CIS solicitou que constasse em
ata que o pedido de esclarecimentos formulado à Price pelo conselheiro fiscal indicado pela acionista "não havia sido atendido".
A Price respondeu "que havia
atendido cabalmente aos esclarecimentos, na forma da lei". A CIS
reiterou o pedido de esclarecimentos, que não foram prestados satisfatoriamente.
Na delegacia, foi perguntado aos
auditores da Price por que, nos relatórios de dezembro de 96 e de junho de 97, ela havia certificado que
o Noroeste tinha milhões de dólares disponíveis depositados na
agência Cayman, quando a mesma
Price havia informado que só havia poucos milhares de dólares.
Em julho de 96, a Price teria recomendado ao Noroeste que a conciliação das contas bancárias no exterior fosse feita após a data de fechamento do balanço.
Quando se descobriu o desvio
-ainda segundo perguntas aos
auditores-, a Price disse que o
desfalque fora acobertado porque
a conciliação havia sido feita após
o fechamento do balanço.
O inquérito policial está com cinco volumes e faltam dois depoimentos para a conclusão da primeira fase. Haverá uma nova rodada, com possíveis acareações.
Até agora, o Instituto de Criminalística não elaborou o laudo pericial que define a chamada materialidade do crime, ou seja, a prova
do desvio do dinheiro.
A autoridade policial ainda não
requisitou o relatório da fiscalização do BC. E o BC alega que não faz
sentido abrir um procedimento interno quando há um inquérito policial em curso.
(FV)
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