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MARKETING DA FOME
Para presidente, ex-auxiliares têm bom coração e falha é natural
Lula aponta erro e atrela Fome Zero a crescimento econômico
Bruno Stuckert/Folha Imagem
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O presidente Lula durante a cerimônia do 1º ano do Fome Zero |
GABRIELA ATHIAS
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao fazer um balanço do Fome
Zero, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu falhas no primeiro ano de implantação dos
programas na área social -apesar de dizer que o governo fez tudo o que podia-, elogiou os ex-ministros da área José Graziano e
Benedita da Silva e disse que o investimento no setor vai depender
do crescimento da economia.
"O programa Fome Zero e o
Bolsa-Família, na minha opinião,
estão consolidados no nosso país.
Falta agora atender à plenitude de
pessoas que precisam ter acesso a
eles. E isso exige recursos. E para
ter recursos a economia precisa
crescer. Precisamos arrecadar
mais e colocar mais dinheiro na
política social", afirmou Lula.
O primeiro ano do governo Lula
foi marcado por um forte ajuste
fiscal -na área social, o corte
chegou a R$ 5 bilhões. Ontem, o
ministro Guido Mantega (Planejamento) afirmou que, neste ano,
o orçamento do Bolsa-Família e
do Fome Zero serão executados.
"Os compromissos que assumimos [na área social] serão cumpridos na sua íntegra", disse.
Para marcar o primeiro ano do
Fome Zero, principal marca social do governo, Lula improvisou
um discurso de 40 minutos. Elogiou ex-assessores e ministros e
foi vago sobre mudanças ou novos caminhos para a área social.
"Estou convencido de que possivelmente cometemos muitos erros neste primeiro ano. E não poderia ser diferente. A coisa que eu
mais queria na vida era que meu
filho aprendesse a andar sem cair,
sem levar nenhum tombo, mas
ele teve muitos tombos até aprender a andar", disse o presidente.
Um dos elogiados foi Oded Grajew, que tomou a iniciativa de sair
do governo no fim de 2003.
No dia 23 de janeiro, Lula fez a
sua primeira reforma ministerial.
Uniu as pastas da Segurança Alimentar com a da Assistência Social, demitindo, assim, Graziano e
Benedita, respectivamente. No lugar de ambos entrou o ministro
Patrus Ananias, e o ministério
passou a se chamar Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Na opinião de Lula, o Fome Zero fez, em seu primeiro ano, muito mais do que poderia ser feito.
Disse que os números de atendimento "mostram que o ceticismo
demonstrado por algumas pessoas sobre o programa não havia
razão de ser". O Fome Zero está
presente em 2.369 municípios e
atende a 1,9 milhão de famílias.
Como pontos positivos, Lula citou também a participação da sociedade, com doações de alimentos, e dos empresários, financiando algumas ações. Saudou Patrus
dizendo que, para trabalhar nessa
área, é preciso ter "bom coração",
que é, segundo Lula, o caso dele e
dos ex-ministros da área.
"Por isso a tarefa de vocês é difícil, mas boa, que só pode ser feita
por pessoas que têm o coração como tem o Graziano, como tem a
Benedita, como têm vocês."
Em relação aos rumos dos programas sociais, Lula disse apenas
que é hora de levá-los às periferias
das grandes cidades.
Ao falar sobre a criação de um
fundo internacional de combate à
fome e à pobreza, foi implacável
com os países desenvolvidos e
suas políticas protecionistas.
"[Com] Os países ricos, quando
falam em doar alimentos, nós
precisamos tomar cuidado, porque, muitas vezes, pode ser muito
mais para ajudá-los com a sua
produção agrícola do que para
ajudar os famintos."
O presidente disse que o caminho para combater a fome é
transferir o problema à esfera política. "Ou criamos um movimento político para transformar esse
problema social da fome num
problema político ou será muito
mais difícil, porque os famintos
não estão organizados em sindicatos e em partidos políticos. Estão dispersos nas mais diferentes
periferias deste país." O presidente informou que enviará cartas
aos presidentes do mundo pedindo sugestões sobre o assunto.
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