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BRASIL CAMARADA
Devedor parcelou dívida em 890 mil anos
ACM cobra explicações da Receita Federal sobre "escândalo" do Refis
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) defendeu ontem que o Congresso Nacional
busque um "caminho jurídico e
legal" para acabar com o que chamou de "escândalo" e "farra com
o dinheiro público" ao se referir a
uma reportagem publicada pela
Folha no último domingo sobre
irregularidades no Refis (programa de parcelamento de débitos
tributários).
Em discurso da tribuna, ACM
defendeu que o Senado convoque
o secretário da Receita Federal e o
procurador-geral da Fazenda Nacional para darem explicações sobre as denúncias. E propôs a elaboração de um projeto de lei que
procure eliminar as "graves distorções do sistema e propiciar ao
poder público condições de obter
o efetivo pagamento dos débitos
tributários".
A reportagem da Folha aponta
a possibilidade de fraudes de registros contábeis de faturamento
por empresas que aderiram ao
Refis com o objetivo de pagar suas
dívidas em quantias mensais irrisórias e no maior prazo possível.
A empresa Fama Ferragens
S.A., por exemplo, com R$ 128
milhões em impostos atrasados,
aderiu ao Refis e passou a pagar
R$ 12 por mês. Além disso, ganhou 890 mil anos para regularizar seu débito com o Fisco. Mesmo com essas condições, há dois
meses a Fama foi excluída do Refis por falta de pagamento.
"Causa indignação saber que o
Programa de Combate à Fome
-e isso é afirmado no Brasil e no
estrangeiro- não passou até
agora de um slogan. Enquanto isso, nós vemos com tristeza que
empresas, que certamente se beneficiaram de créditos polpudos
dos órgãos do país, têm séculos
para saldar os débitos, que são
bem menores do que os anunciados", disse ACM.
Segundo o senador baiano, enquanto "os poderosos" são beneficiados tanto no Refis 1 quanto
no Refis 2, o contribuinte do Imposto de Renda e os pequenos e
médios empresários são "crucificados" quando não cumprem as
suas obrigações.
"É preciso dar um basta nessa
verdadeira farra com o dinheiro
público, essa falta de respeito com
o cidadão que trabalha e recolhe
impostos. É preciso encontrar um
caminho jurídico, legal, nas duas
Casas do Congresso e até mesmo
nos tribunais, para corrigir essa
grande injustiça com a classe trabalhadora", afirmou.
De acordo com o senador, o
"governo fecha os olhos há muito
tempo" para o fato de as empresas
declararem somente subfaturamento à Receita Federal.
Na Câmara, o deputado João
Caldas (PL-AL) afirmou que, assim que terminar a convocação
extraordinária do Legislativo e
começarem os trabalhos regulares, no dia 16, vai coletar assinaturas para a instalação de uma CPI
(comissão parlamentar de inquérito) que investigue o caso.
"Essa denúncia é um escândalo.
São milhões de reais que estão indo pelo ralo. Assim não há como
fazer este país sair da crise", disse.
Colaborou a Reportagem Local
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