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ANÁLISE
Decisão é vitória pessoal de Jobim
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O previsível desfecho da novela dos caças, ainda a ser confirmado com assinaturas e
compromissos financeiros,
consolidou a parceria estratégica entre Brasil e França e foi
uma vitória pessoal de seu
maior defensor, Nelson Jobim.
Foi ele quem costurou o amplo acordo militar em que o
Brasil atrelou sua força de submarinos e helicópteros aos
franceses no ano passado, e
nunca escondeu que a escolha
do vetor de aviação de combate
tinha de seguir a mesma lógica.
O ponto central: acesso a tecnologias agora e no futuro,
além da abertura de canais que
ultrapassam a área militar. A-
lém disso, ao atropelar a preferência da FAB, Jobim manteve
a consolidação do poder do Ministério da Defesa sobre as Forças Armadas -algo que só começou a ocorrer agora, mais de
dez anos depois de sua criação.
Mas a escolha levanta dúvidas sobre a conveniência de
manter tal dependência de um
só país num campo tão sensível
quanto o militar. Agora, serão
mais de R$ 30 bilhões a depositar nos cofres franceses. Historicamente, isso não é favorável.
E há a questão básica pela
qual a FAB havia preferido o
sueco Gripen NG: o Rafale é
uma aeronave cara de comprar
e, principalmente, de operar. O
motivo é justamente o que o governo e a França apontam como vantagem, que é o fato de
que o avião não usa tecnologia
sensível de nenhum outro país.
Como só é usado hoje pelos
franceses, o aparelho sofria de
encarecimento por falta de escala industrial. Tudo é feito na
França a custos altos. O contrato brasileiro, quando assinado,
dá sobrevida ao avião como
produto comercial e poderá até
baixar seus custos futuros. De
todo modo, as reduções de preço propaladas ainda têm de ser
vistas em contratos e sob lupa.
A FAB preferia o Gripen também por ser um projeto em desenvolvimento de um caça já
existente, que abria mais possibilidades de interação e transferência de conhecimento. O
Rafale é um avião pronto.
O F-18 americano é um avião
desejado por pilotos e com preço competitivo, mas pesa contra ele o fato de que nunca estaria livre da sombra de embargos eventuais no futuro. Ainda
vai demorar para Washington
superar essa desconfiança.
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