São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Ninguém tasca

Se necessário, o PT e partidos aliados pegarão em armas para matar no nascedouro a proposta de estadualizar o porto de Santos e a Ceagesp, levada por José Serra a Lula na sexta-feira. O porto, reserva do PR em São Paulo, tem duas diretorias importantes controladas por petistas, que já elaboram estudo para demonstrar a "inviabilidade técnica" da mudança defendida pelo governador tucano.
A central de abastecimento é outro vespeiro. O PT, que ali reina sozinho e espera acomodar indicados de Aloizio Mercadante, Marta Suplicy, João Paulo Cunha e da família Tatto, debaterá o problema em reunião amanhã. "Nem se o Lula quiser vamos perder esse espaço", afirma um dirigente do partido no Estado.

Mercado futuro. Um conhecedor do assunto e dos personagens envolvidos considera próxima de zero a chance de o presidente aceitar a proposta de estadualizar o porto de Santos. Mas acha que Serra fez o certo ao colocá-la na mesa. No futuro, dentro de algum acordo maior, Lula pode mudar de idéia.

O avalista. Arlindo Chinaglia (PT-SP) agiu com a concordância de Lula ao deixar à míngua, na divisão dos cargos da Câmara, o "bloquinho" que apoiou Aldo Rebelo. O plano do governo é fatiar o grupo como salame, cooptando primeiro o PDT para depois cuidar do PSB e do PC do B.

Só eles. Segundo regra extra-oficial da reforma, quem teve o nome envolvido em algum dos escândalos do primeiro mandato não ocupará posto de destaque no segundo. "Menos o Paulo Okamotto e o Gilberto Carvalho", protesta um petista sem-cargo.

Forró. Alheio à parolagem segundo a qual quem estiver na Esplanada não será candidato em 2008, Luiz Marinho (Trabalho) pavimenta o caminho para disputar a Prefeitura de São Bernardo. Já tem até vice na mira: o cantor e deputado Frank Aguiar (PTB).

No forno. Os dois grupos de sindicalistas que controlam o PT de São Bernardo têm tudo pronto para absolver o "aloprado" Oswaldo Bargas, que terá seu envolvimento no escândalo do dossiê julgado pelo diretório do município.

Projeção. Ao justificar o apoio a Michel Temer na convenção do PMDB, o deputado Eunício Oliveira (CE) conta a aliados que não recebeu nenhum telefonema de Nelson Jobim lhe pedindo o voto. "Se ele não me liga nem quando precisa, imagina depois!".

Aquisições. O PR, nascido do mensaleiro PL, deve receber nesta semana mais uma deputada do PFL da Bahia (Josmari Oliveira), dois do PPS de Minas Gerais (Alexandre Silveira e Geraldo Thadeu) e pelo menos dois dos cinco tucanos do Ceará.

Comitiva. Seis ministros deverão acompanhar Lula no encontro com George Bush, quinta-feira no hotel Hilton, em São Paulo. No almoço, que será realizado em seguida no mesmo local, estará presente o governador José Serra.

Água mole. Marina Silva fala ao ouvido de Lula na esperança de que o presidente vete modificação aprovada pelo Senado na lei dos transgênicos. O alvo da ministra do Meio Ambiente é a redução do quórum para decisões na CTNBio de dois terços para maioria absoluta dos votos.

Na tribo. O senador Tião Viana (PT-AC) apresentou uma emenda ao Orçamento da União destinando R$ 75 milhões para a exploração de petróleo e gás em uma reserva indígena no Parque Nacional da Serra do Divisor.

Eu não. Diante da reação irada de ambientalistas, Viana divulgou a versão de que o líder dos índios yawanava, Joaquim Tashka, era favorável à prospecção nas terras indígenas. Foi desmentido publicamente pelo próprio em blogs e jornais acreanos.

Tiroteio

A julgar pela temperatura e pela marcha da economia brasileira, Lula deve andar mesmo encantado com os pingüins.


Do deputado federal GUSTAVO FRUET (PSDB-PR) sobre os elogios feitos pelo presidente ao filme "A Marcha dos Pingüins" durante encontro com jornalistas no Palácio do Planalto.

Contraponto

Os infiltrados

No início de 2006, Paulo Bernardo foi convidado para um jantar na casa de seu dentista, em Brasília. Embora tivesse compromisso cedo no dia seguinte, o ministro do Planejamento decidiu dar uma passada no evento acompanhado de Enio Verri, então seu chefe-de-gabinete. Depois de um pouco de prosa, aproximou-se do dentista:
-Não me leve a mal, mas preciso ir embora...
-Ah, não! Espere pelo menos o discurso do Arruda!
-Arruda? Discurso?
Foi quando o ministro descobriu estar num ato pró-José Roberto Arruda (PFL), oponente de sua correligionária Arlete Sampaio (PT) na disputa pelo governo do DF. Sem saber o que falar, ficou quieto e comeu mais uma coxinha.


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