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CAMPO
Sem-terra responsabiliza latifúndio
FHC diz que MST
está mais violento
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o
movimento sem terra perdeu o
"conteúdo social". O governo,
disse, agora vai se preocupar mais
com os pequenos produtores.
Ele disse que realizou assentamentos e deu a atenção necessária
aos sem-terra. "Mas está mais do
que na hora de multiplicar as atenções com aqueles que têm terra."
Em discurso para os secretários
estaduais de Agricultura, no Palácio do Planalto, FHC cobrou "ousadia" dos bancos e disse que as
instituições têm de correr riscos
na concessão de créditos rurais.
Para o presidente, "os movimentos que existem estão se tornando
cada vez mais políticos e insistentemente mais violentos, como ainda ontem (anteontem)".
FHC fez referência à invasão de
três fazendas pelos sem-terra no
interior gaúcho.
Ele afirmou que o governo "agora tem de cuidar para que aqueles
que estão assentados e os que estão produzindo sejam apoiados".
Os secretários de Agricultura, liderados por Francisco Graziano
(SP), pediram que o Pronaf (Programa Nacional de Agricultura
Familiar) tenha as mesmas vantagens do Procera (Programa de
Crédito Especial para a Reforma
Agrária).
"Às vezes, os pequenos produtores olham com uma ponta de inveja para os assentados da reforma
agrária. Triste paradoxo", discursou Graziano, candidato a deputado federal pelo PSDB.
"O Pronaf precisa ser equiparado ao Procera, oferecendo aos pequenos agricultores já existentes
as mesmas condições dadas aos
assentados da reforma agrária."
FHC respondeu a Graziano:
"Talvez não fosse o caso de igualar
o Pronaf ao Procera, mas ver algo
mais equilibrado dos dois lados".
O Ministério da Agricultura e o
fórum de secretários de Agricultura vão discutir uma proposta no
sentido proposto pelo presidente.
João Pedro Stedile, da direção
nacional do MST, disse que chamar o movimento de violento "é
no mínimo uma ignorância de sociólogo". Para ele, FHC "sabe que
a raiz da violência no campo está
na natureza do latifúndio".
Stedile disse aprovar a decisão de
FHC de cuidar dos assentados e
pequenos produtores rurais.
Colaborou a Reportagem Local
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