São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
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Apaes fazem bingo para compensar cortes

da Agência Folha, em Curitiba

O atraso de três meses no repasse de verbas federais está dificultando o atendimento nas 300 Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do Paraná.
O corte no repasse dos recursos também prejudica outras 31 entidades que prestam atendimento a crianças, adolescentes e jovens com problemas mentais e físicos na cidade de Curitiba (PR).
O dinheiro repassado pelo governo, que chega às entidades por meio dos governos municipal e estadual, é usado para o pagamento de especialistas, como fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas.
Para suprir a falta dos recursos federais, muitas das entidades têm recorrido a campanhas publicitárias em emissoras de rádio e TV, promoções como a venda de rifas e a realização de bingos.
""A gente vê com muita preocupação o atraso no envio dessas verbas. As pessoas que são atendidas com esse dinheiro não querem ajuda, querem é ter seus direitos constitucionais garantidos", disse a coordenadora das Apaes do Paraná, Maria Lúcia Furquim.
Segundo ela, o último repasse feito pelo governo federal ocorreu em novembro do ano passado, quando 80% das Apaes receberam as verbas públicas. Desde então, os recursos foram interrompidos.
A coordenadora afirmou que a entidade recebeu a informação extra-oficial que o governo federal não pagará o mês de dezembro e os meses de janeiro e fevereiro serão repassados com cortes de 27%.
""É uma situação muito crítica, porque as entidades não podem viver todo o tempo com o chapéu na mão em busca de recursos para garantir a sobrevivência", disse.
A presidente da Apae-Curitiba, vereadora Jane Rodrigues (PTB), disse que está enviando correspondência aos pais dos 700 portadores de deficiências mentais matriculados na entidade informando sobre a possibilidade na redução do atendimento.
Ela disse que a entidade deixou de receber R$ 25 mil mensais do governo federal desde dezembro. Os funcionários da entidade ameaçam fazer uma greve em função do atraso nos salários. ""O pior é que prestamos atendimento a muitas pessoas de baixa renda, cujos pais não têm condições de atender seus filhos", afirmou.
(WAGNER OLIVEIRA)


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