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APURAÇÃO
Divergência na investigação pode impedir quebra de sigilo de vereadores suspeitos de receber propina
Ação no Pittagate divide promotores
da Reportagem Local
Integrantes do Ministério Público, da Polícia Civil e da Justiça entraram em confronto sobre a forma como estão sendo conduzidas
as investigações do Pittagate.
A crise pode prejudicar a quebra de sigilo bancário de vereadores suspeitos de terem recebido
propina para livrar o prefeito Celso Pitta de um pedido de impeachment feito no ano passado.
A Folha apurou que o juiz-corregedor Maurício Lemos Porto
Alves não concorda com a ação
de alguns promotores, que, na
opinião dele, estariam dando publicidade exagerada às informações referentes ao caso.
O juiz teria comentado com colegas do Dipo (Departamento de
Inquéritos Policiais) que alguns
promotores estão mais preocupados em aparecer na imprensa do
que investigar as denúncias contra o prefeito e seus auxiliares.
Por esse motivo, Alves não estaria disposto, até o momento, a autorizar a quebra de sigilo bancário
de vereadores citados em uma suposta "lista da propina", medida
que poderá ser solicitada pelo Ministério Público.
A crise começou na semana
passada, quando o juiz concedeu
uma ordem de busca e apreensão
na casa e no gabinete do secretário municipal de Governo, Carlos
Augusto Meinberg.
Foram apreendidos documentos, 15 CPUs de computadores e
uma lista com nomes de vereadores, valores e datas, que, suspeita-se, pode ser o registro de subornos pagos.
O juiz queria que a diligência
fosse feita sem divulgação, o que
não aconteceu.
Jornalistas foram avisados, antes mesmo da apreensão dos documentos, e alguns promotores
deram entrevistas na qual falaram
sobre o material apreendido, contrariando decisão interna do próprio Ministério Público.
Promotores divididos
Promotores que atuam no caso
também estão divididos por causa do vazamento de informações
para a imprensa.
Na sexta-feira, eles tinham decidido não dar declarações a jornalistas, mas o promotor Marcelo
Mendroni acabou concedendo
uma entrevista para a Rede Globo. Ontem, Mendroni viajou para
a Espanha.
Descontente com o "estrelismo" de alguns colegas, o promotor Gilberto Garcia se desligou do
Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado),
segundo apurou a Folha.
Promotores se reuniram ontem
para tentar unificar a posição do
Ministério Público. O promotor
Carlos Cardoso falou pelo grupo
após o encontro e negou que haja
divisão interna.
"O que pode haver são divergências de natureza técnica. Mas
todos nós estamos comprometidos com a mesma causa", disse.
Delegados da Polícia Civil também estão descontentes com promotores que atuam no caso Pittagate. Isso porque eles não foram
informados com antecedência da
diligência na casa e no gabinete de
Meinberg.
A falta de articulação entre o
Ministério Público e a polícia
também poderá afetar as investigações. Até ontem, não havia sido
iniciada a perícia nos CPUs
apreendidos na sexta-feira, tarefa
que deverá ser coordenada por
delegados e promotores.
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