São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2000


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APURAÇÃO
Divergência na investigação pode impedir quebra de sigilo de vereadores suspeitos de receber propina
Ação no Pittagate divide promotores

da Reportagem Local

Integrantes do Ministério Público, da Polícia Civil e da Justiça entraram em confronto sobre a forma como estão sendo conduzidas as investigações do Pittagate.
A crise pode prejudicar a quebra de sigilo bancário de vereadores suspeitos de terem recebido propina para livrar o prefeito Celso Pitta de um pedido de impeachment feito no ano passado.
A Folha apurou que o juiz-corregedor Maurício Lemos Porto Alves não concorda com a ação de alguns promotores, que, na opinião dele, estariam dando publicidade exagerada às informações referentes ao caso.
O juiz teria comentado com colegas do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) que alguns promotores estão mais preocupados em aparecer na imprensa do que investigar as denúncias contra o prefeito e seus auxiliares.
Por esse motivo, Alves não estaria disposto, até o momento, a autorizar a quebra de sigilo bancário de vereadores citados em uma suposta "lista da propina", medida que poderá ser solicitada pelo Ministério Público.
A crise começou na semana passada, quando o juiz concedeu uma ordem de busca e apreensão na casa e no gabinete do secretário municipal de Governo, Carlos Augusto Meinberg.
Foram apreendidos documentos, 15 CPUs de computadores e uma lista com nomes de vereadores, valores e datas, que, suspeita-se, pode ser o registro de subornos pagos.
O juiz queria que a diligência fosse feita sem divulgação, o que não aconteceu.
Jornalistas foram avisados, antes mesmo da apreensão dos documentos, e alguns promotores deram entrevistas na qual falaram sobre o material apreendido, contrariando decisão interna do próprio Ministério Público.

Promotores divididos
Promotores que atuam no caso também estão divididos por causa do vazamento de informações para a imprensa.
Na sexta-feira, eles tinham decidido não dar declarações a jornalistas, mas o promotor Marcelo Mendroni acabou concedendo uma entrevista para a Rede Globo. Ontem, Mendroni viajou para a Espanha.
Descontente com o "estrelismo" de alguns colegas, o promotor Gilberto Garcia se desligou do Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado), segundo apurou a Folha.
Promotores se reuniram ontem para tentar unificar a posição do Ministério Público. O promotor Carlos Cardoso falou pelo grupo após o encontro e negou que haja divisão interna.
"O que pode haver são divergências de natureza técnica. Mas todos nós estamos comprometidos com a mesma causa", disse.
Delegados da Polícia Civil também estão descontentes com promotores que atuam no caso Pittagate. Isso porque eles não foram informados com antecedência da diligência na casa e no gabinete de Meinberg.
A falta de articulação entre o Ministério Público e a polícia também poderá afetar as investigações. Até ontem, não havia sido iniciada a perícia nos CPUs apreendidos na sexta-feira, tarefa que deverá ser coordenada por delegados e promotores.


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