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PETISMO REAL
Integração e Transportes são objeto de cobiça da sigla, que ajudou governo a aprovar emenda sobre sistema financeiro
PMDB volta a cobrar ministério do governo
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após ajudar o governo a aprovar a emenda que trata do sistema
financeiro, o PMDB voltou a pressionar o Planalto para ocupar já
um ministério na administração
Lula. O objeto da cobiça da sigla
são os ministérios da Integração
Nacional e dos Transportes.
Apesar das pressões, o Planalto
não está disposto a promover
uma reforma ministerial antes de
dezembro. Por enquanto, aceita
negociar com o PMDB indicações
para preenchimento de cargos em
estatais e de segundo escalão nos
Estados, além de participação no
Conselho de Desenvolvimento
Econômico Social.
O preenchimento de cargos federais está suspenso à espera do
PMDB. Na terça-feira, o secretário Tarso Genro se reúne com líderes peemedebistas para acertar
a indicação do partido para o conselho. Por enquanto, cerca de 30%
dos cargos nos Estados foram
preenchidos pelo PT e por partidos da base de sustentação política do governo no Congresso.
O PMDB já foi atendido em algumas de suas reivindicações por
cargos federais. Mas os atendidos,
até o momento, representam as
seções estaduais do PMDB que
apoiaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de
2002 e já eram considerados votos
certos no governo.
É o caso das indicações feitas
pelo presidente do Senado, José
Sarney (AP), e pelas seções do Paraná, Goiás e Minas Gerais, que já
apóiam o governo. A ala peemedebista que apoiou a candidatura
de José Serra (PSDB) à Presidência se aliou ao governo para votar
projeto que regulamenta o artigo
192 da Constituição, mas ainda
negocia participação no governo.
Essa ala considera pouco o que
o governo oferece e demonstra
impaciência com a perspectiva de
ganhar um ministério apenas em
dezembro. É desse grupo a proposta para que o governo desloque Ciro Gomes para o Ministério
do Planejamento, no lugar de
Guido Mantega, a fim de abrir caminho para o PMDB voltar a ocupar a Integração Nacional.
A idéia não agrada ao PT: no
atual desenho da equipe econômica o homem-forte é Antonio
Palloci Filho. O deslocamento de
Ciro poderia criar no Planejamento um pólo de competição
com o ministro da Fazenda.
O PMDB ainda não perdeu as
esperanças de recuperar o Ministério dos Transportes, espécie de
feudo do partido nos oito anos de
governo tucano. A sigla sentiu a
perda de cargos em que são tratadas a construção e a recuperação
de estradas federais, cuja maior
parte foi para o PL, partido do
atual ministro, Anderson Adauto.
A intenção do governo é acomodar o PMDB nas estatais, nos
Estados e nos conselhos. Anteontem, o presidente do PT, José Genoino, esteve com Ciro para discutir nomeações no Ceará reivindicadas pelo líder do PMDB na
Câmara, Eunício Oliveira. O
preenchimento de cargos deve se
continuar no segundo semestre.
Na votação do projeto que regulamenta o artigo 192, o PMDB entrou com os votos de 62 de seus 71
deputados. A intenção era demonstrar que sua adesão é fundamental para o governo consolidar
maioria estável no Congresso.
O Planalto acredita que pode segurar ministérios até dezembro.
A avaliação é que PSDB e PFL,
além do próprio PMDB, votarão
reformas que sempre defenderam, como a previdenciária e a
tributária. E espera que a sigla se
contente com os cargos de escalão
inferior e com a participação nos
conselhos. Um dos nomes cotados para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social é o
do senador Pedro Simon (RS).
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