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TRIBUTÁRIA
Forma de cobrança e demais alterações serão discutidas separadamente
Governo planeja dividir discussão sobre novo ICMS
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo pretende separar a
discussão sobre a forma de cobrança do novo ICMS, ponto
mais polêmico de seu projeto de
reforma tributária, da votação das
demais alterações propostas para
o sistema de impostos.
Para isso, segundo a Folha apurou, o roteiro básico é o seguinte:
primeiro, aprovar uma emenda
constitucional que estabeleça a
unificação da legislação do ICMS,
para combater a sonegação e a
guerra fiscal; depois, enviar ao
Congresso dois projetos diferentes de lei complementar -um
para estabelecer a lei única e outro
para definir se a cobrança será feita na origem ou no destino.
A estratégia segue uma lógica
política e técnica. O governo quer
preservar de controvérsias e debates infindáveis a proposta da legislação única, que, na sua avaliação, conta com a aprovação de
governadores e empresários e pode ser posta em prática em 2004.
Quanto à idéia de promover a
cobrança do novo ICMS no destino, opção preferida pelo Ministério da Fazenda, avalia-se que tão
cedo não haverá consenso. O
mais notório crítico da medida é
ninguém menos que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que teme perdas.
Além dos obstáculos políticos, a
Fazenda considera que a nova regra demandaria um prazo longo
de transição para ser implantada
-fala-se em até sete anos. Seria
preciso monitorar o comportamento da receita e criar formas de
compensar os prejudicados.
Por isso, considera-se mais produtivo começar a mudança do
ICMS pela legislação única. Se, como espera a área econômica, a reforma produzir aumento da arrecadação estadual, a discussão futura sobre a forma de cobrança ficará muito mais fácil.
O governo até aceita iniciar já o
exame do tema, como Alckmin
vem pedindo. Mas, ao contrário
do que defende o governador, não
acha essencial estabelecer a regra
no texto constitucional.
Há até um argumento jurídico
para isso: a rigor, hoje seria possível fixar a cobrança no destino
com uma simples resolução do
Senado, reduzindo a zero as alíquotas interestaduais do ICMS.
Ao levar o tema para lei complementar, que exige maioria absoluta, o governo já estaria mostrando disposição de negociar e oferecendo garantias aos Estados.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) discutirá hoje a reforma tributária com os secretários estaduais da Fazenda, em Salvador. Ainda neste mês, haverá
reunião com os 27 governadores.
O governo considera a reformulação do ICMS a mais importante,
de longe, das atuais propostas da
reforma. Diante de críticas de que
o projeto é pouco ambicioso por
deixar para depois temas mais difíceis, a resposta, ouvida pela Folha na Fazenda, é que belíssimas e
revolucionárias propostas tributárias não saíram do papel nos últimos anos por minúcias técnicas.
Por isso, pretende-se tratar sem
pressa de outros pontos do projeto sobre o qual pairam dúvidas,
como é o caso da mudança na Cofins, que deixa de incidir sobre todas as etapas da produção.
Leia a íntegra das propostas para reforma
tributária em
www.folha.com.br/030921
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