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CRISE DO GOVERNO/VIOLAÇÃO DE SIGILO
Para Busato, deve ser apurado se ministro da Justiça teve envolvimento em violação de sigilo
Presidente da OAB diz que ninguém está acima da lei
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), Roberto Busato, disse ontem que "ninguém está acima da lei" ao defender apuração sobre o suposto envolvimento do ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) no vazamento do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
"Ninguém está acima da lei,
ninguém está acima da quebra de
princípios éticos e morais. Se até
mesmo o ministro [da Justiça] estiver envolvido, ele deverá também sofrer as conseqüências da
lei e da sua suposta falta de ética."
A afirmação foi feita após o lançamento de campanha de combate à corrupção eleitoral, promovida pela OAB e pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil). A campanha vai orientar
as pessoas a denunciar irregularidades, como a compra de votos.
Busato disse que as suspeitas de
envolvimento de Bastos "trazem
certo constrangimento à OAB",
porque o ministro já presidiu a
entidade entre 1987 e 1989, e lamentou a possibilidade de o Congresso não aprovar o relatório final da CPI dos Correios, por falta
de acordo entre os partidos. Segundo ele, "é cada vez menor" a
faxina ética que a sociedade esperava no início da investigação.
O corregedor-geral eleitoral e
ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cesar Asfor Rocha,
criticou o uso de caixa dois nas
campanhas. "Se uma pessoa não
pode revelar de onde vem toda a
despesa que efetua é porque não
tem recursos de origem legítima,
legal ou comprovada que possa
ser mostrada ou que possa compatibilizar com aquela receita. É
efetivamente coisa de bandido
porque é fruto de sonegação."
O ministro disse que a Justiça
Eleitoral fará controle mais rigoroso das contas dos candidatos.
"Não adianta mais querer fazer
produções cinematográficas,
showmícios mirabolantes e campanhas publicitárias milionárias
porque ninguém mais vai aceitar
que essas práticas estejam sendo
pagas com recursos tão escassos."
CNBB
O presidente da CNBB, dom
Geraldo Majella Agnelo, disse ontem haver uma "situação de perplexidade" ante o comportamento de autoridades, o que leva os
eleitores a terem dúvidas, mas
sem perder a esperança. Ele evitou falar de casos específicos no
lançamento da cartilha da CNBB
aos eleitores, mas disse que "como está ninguém está satisfeito".
Sobre o risco de a CPI dos Correios terminar sem relatório, ele
cobrou participação. "É o caso de
toda a opinião pública se pronunciar. Se houve uma CPI, e ela tem
autoridade, tem que ser respeitada e encaminhar a apuração para
as devidas instâncias", afirmou.
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