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Lupi promete abrigar aliados no Trabalho
Em cerimônia tumultuada, presidente do PDT assume ministério e afirma que repetirá a mesma coalizão do governo
Em seu discurso, pedetista cita Vargas, João Goulart e Brizola, que, segundo ele, fazem parte da "comissão executiva celestial" da sigla
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma tumultuada e barulhenta cerimônia, o presidente
do PDT, Carlos Lupi, assumiu
ontem o Ministério do Trabalho, evocando em seu discurso
Getúlio Vargas, João Goulart e
Leonel Brizola, que, segundo
ele, fazem parte da "comissão
executiva celestial" do partido.
Lupi recebeu o cargo do ministro Luiz Marinho, que agora
responde pela Previdência.
Em seu discurso, Lupi declarou que a pasta repetirá a mesma coalizão do governo, reunindo os partidos que apóiam o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. "Vamos continuar o que o
governo vinha fazendo. A política já está traçada. Queremos
fazer a coalização no ministério
com todos os partidos que
apóiam o governo." Na reunião
ministerial da segunda-feira,
Lula vetou a entrega de ministérios com "porteira fechada".
Ontem, a transmissão de cargo, realizada em um pequeno
auditório onde funciona a sede
dos dois ministérios, foi tomada por militantes do PDT, deputados, senadores, além de
governadores e ministros. A ex-prefeita de São Paulo e ministra
do Turismo, Marta Suplicy
(PT), compunha o palanque de
autoridades e foi obrigada a tirar o casaco devido ao calor.
O barulho causado pelos militantes do PDT acabou irritando Marinho, que várias vezes
interrompeu seu discurso para
pedir silêncio. Já sem paciência, "exigiu respeito" e disse
que "tinha o direito" de concluir o balanço de seus 20 meses de gestão à frente do ministério. Recebeu vaias e só foi
aplaudido quando avisou à platéia que iria pular trechos de
seu longo discurso.
Após a cerimônia, seguranças tentaram conter o empurra-empurra na fila de cumprimentos. Lupi chegou a sair do
ministério e foi para a calçada
abraçar os militantes pedetistas. "Muitos me discriminam
por causa da minha origem, por
ser um ex-jornaleiro", disse ele,
no discurso em que prometeu
livre acesso das centrais sindicais ao Ministério do Trabalho.
No discurso, Lupi voltou a
defender os direitos dos aposentados e pensionistas do
INSS. Cotado inicialmente para a Previdência, o pedetista fez
críticas públicas à reforma da
Previdência que o governo começa a debater.
(JULIANNA SOFIA)
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