São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001

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ANÁLISE/TV

Antonio & Regina

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

"Não." Foi a resposta de Regina Célia Borges a uma primeira pergunta, sobre se havia sofrido ameaças depois do primeiro depoimento.
O que se viu a partir daí, no espetáculo de ontem, foi a coincidência insistente entre o que ela dizia e o que dizia ACM.
Assim começava, também com elogios de parte a parte, de Antonio a Regina e vice-versa, a "acareação" -em realidade, uma tomada caótica de novos depoimentos.
José Roberto Arruda, isolado num canto, nem parecia dar importância ao que acontecia, acumulando contradições consigo mesmo, despreocupado.
Entre outras, Regina Borges confirmou, por vezes usando quase as mesmas palavras, a versão de ACM para o telefonema que ele deu a ela, após receber a lista.
Sobre a descrição do telefonema que havia apresentado no primeiro depoimento, chegou a questionar a si mesma, dizendo ter sido "claudicante".

Assim foi o espetáculo, até o fim da tarde, quando entrou em cena Jefferson Péres.
O senador pedetista tentou evidenciar as contradições, foi incisivo. Até atingir a "admoestação" ou repreensão que ACM teria feito a Regina Borges, pela violação do painel.
Citou a frase do próprio ex-presidente do Senado em seu primeiro depoimento: "Sobre este assunto, eu fiz alguma admoestação". E opôs o que estavam dizendo agora ACM e Regina Borges, em insistente uníssono, de que não houve a tal admoestação.
Daí partiu Jefferson Péres a questionar por que ACM não havia repreendido a funcionária logo depois de receber a lista. O senador baiano, em meio a ameaças, disse que "não sabia se ela tinha culpa".
Péres ficou bestificado, parou de perguntar e saiu, num ato teatral de quem não aguenta mais o Senado.
A partir daí, ACM murchou e Regina Borges passou a ser mais e mais questionada.
Até que, após ser levantado abertamente que estaria incriminando Arruda e beneficiando ACM, ela chorou -ou quase, o bastante para as câmeras fecharem no seu olhar, em busca de lágrimas.

Faixa perto do Congresso: "Regina, não se intimide".

O JN, perdido na bagunça da "acareação", não passou de uma manchete vaga, "contradições em Brasília".
Mas deu um jeito de dizer, abrindo o primeiro bloco: "Agora há pouco, o senador Antero Paes de Barros disse que Antonio Carlos Magalhães faltou com a verdade".


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