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ANÁLISE/TV
Antonio & Regina
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
"Não." Foi a resposta de
Regina Célia Borges a
uma primeira pergunta, sobre
se havia sofrido ameaças depois
do primeiro depoimento.
O que se viu a partir daí, no espetáculo de ontem, foi a coincidência insistente entre o que ela
dizia e o que dizia ACM.
Assim começava, também
com elogios de parte a parte, de
Antonio a Regina e vice-versa, a
"acareação" -em realidade,
uma tomada caótica de novos
depoimentos.
José Roberto Arruda, isolado
num canto, nem parecia dar importância ao que acontecia, acumulando contradições consigo
mesmo, despreocupado.
Entre outras, Regina Borges
confirmou, por vezes usando
quase as mesmas palavras, a
versão de ACM para o telefonema que ele deu a ela, após receber a lista.
Sobre a descrição do telefonema que havia apresentado no
primeiro depoimento, chegou a
questionar a si mesma, dizendo
ter sido "claudicante".
Assim foi o espetáculo, até o
fim da tarde, quando entrou em
cena Jefferson Péres.
O senador pedetista tentou
evidenciar as contradições, foi
incisivo. Até atingir a "admoestação" ou repreensão que ACM
teria feito a Regina Borges, pela
violação do painel.
Citou a frase do próprio ex-presidente do Senado em seu
primeiro depoimento: "Sobre
este assunto, eu fiz alguma admoestação". E opôs o que estavam dizendo agora ACM e Regina Borges, em insistente uníssono, de que não houve a tal admoestação.
Daí partiu Jefferson Péres a
questionar por que ACM não
havia repreendido a funcionária
logo depois de receber a lista. O
senador baiano, em meio a
ameaças, disse que "não sabia se
ela tinha culpa".
Péres ficou bestificado, parou
de perguntar e saiu, num ato
teatral de quem não aguenta
mais o Senado.
A partir daí, ACM murchou e
Regina Borges passou a ser mais
e mais questionada.
Até que, após ser levantado
abertamente que estaria incriminando Arruda e beneficiando
ACM, ela chorou -ou quase, o
bastante para as câmeras fecharem no seu olhar, em busca de
lágrimas.
Faixa perto do Congresso:
"Regina, não se intimide".
O JN, perdido na bagunça da
"acareação", não passou de uma
manchete vaga, "contradições
em Brasília".
Mas deu um jeito de dizer,
abrindo o primeiro bloco: "Agora há pouco, o senador Antero
Paes de Barros disse que Antonio Carlos Magalhães faltou
com a verdade".
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