São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001

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SENADO EM CRISE

Se renunciar, Arruda o fará antes de ACM

Ex-líder tucano considera ainda ser possível convencer seus colegas a optarem por uma punição mais branda do que a cassação

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se vier a renunciar ao mandato, o senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) tomará essa decisão e vai executá-la provavelmente antes de uma atitude similar do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), segundo a Folha apurou ontem.
O ex-líder tucano considera ainda ser possível tentar convencer seus colegas senadores a optarem por uma punição menor do que a cassação.
Como trabalha com essa hipótese, ainda não renunciou.
Se ficar evidente que a cassação será inevitável quando o processo chegar ao plenário, Arruda deve renunciar ao mandato para manter os seus direitos políticos -e, possivelmente, candidatar-se a deputado federal no ano que vem pelo Distrito Federal.

Prazo
O prazo final para que a renúncia interrompa o risco de cassação é até o momento que o processo seja instaurado.
Depois da instauração, não haveria mais efeito um ato de renúncia.
O então presidente Fernando Collor de Mello renunciou ao seu mandato em 92, mas depois acabou cassado pelo Congresso, pois o processo já estava em curso.
A eventual renúncia de Arruda é vital para o desfecho da crise da violação do painel eletrônico do Senado.
Aliados de ACM consideram que a saída de cena do senador brasiliense aliviaria a situação do baiano.
O relator do Conselho de Ética do Senado, Roberto Saturnino (PSB-RJ), deve concluir seu relatório sobre o processo até o próximo dia 10 de maio.
Com a renúncia de Arruda, o senador pefelista passaria a argumentar que o principal responsável pelo episódio se auto-incriminou ao desistir de se defender perante o plenário. Dessa forma, o baiano arriscaria-se a ir até o final do processo, confiante de que no plenário do Senado conseguiria votos suficientes para barrar a punição.

Frágil
A decisão de Arruda de renunciar não visa diretamente a beneficiar ACM.
O senador brasiliense apenas acredita que está numa posição mais frágil do que a do baiano.
Arruda não crê que valha a pena prolongar sua permanência no Senado se eventualmente ficar claro que sua cassação é inevitável no plenário da Casa.
O senador brasiliense, entretanto, ainda não acredita que sua situação seja irreversível.
Arruda e seus assessores avaliam que o Senado está sendo movido pela mídia, que tem dado amplo destaque ao episódio.
Entendem que esse apelo midiático terá seu ápice hoje, com a repercussão da acareação de ontem.
A partir da semana que vem, Arruda pretende contactar, direta ou indiretamente, o maior número possível de senadores.

Pena
Apresentará um argumento: a pena para a violação do painel não pode ser a mesma que recebe um senador sobre o qual paira a suspeita de roubo ou desvio de dinheiro público.
Depois das suas conversas na semana que vem Arruda deve tomar sua decisão.
Se se convencer de que será cassado, pode renunciar ao mandato.


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