|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SENADO EM CRISE
Se renunciar, Arruda o fará antes de ACM
Ex-líder tucano considera ainda ser possível convencer seus colegas a optarem por uma punição mais branda do que a cassação
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se vier a renunciar ao mandato,
o senador José Roberto Arruda
(sem partido-DF) tomará essa decisão e vai executá-la provavelmente antes de uma atitude similar do senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), segundo a
Folha apurou ontem.
O ex-líder tucano considera ainda ser possível tentar convencer
seus colegas senadores a optarem
por uma punição menor do que a
cassação.
Como trabalha com essa hipótese, ainda não renunciou.
Se ficar evidente que a cassação
será inevitável quando o processo
chegar ao plenário, Arruda deve
renunciar ao mandato para manter os seus direitos políticos -e,
possivelmente, candidatar-se a
deputado federal no ano que vem
pelo Distrito Federal.
Prazo
O prazo final para que a renúncia interrompa o risco de cassação
é até o momento que o processo
seja instaurado.
Depois da instauração, não haveria mais efeito um ato de renúncia.
O então presidente Fernando
Collor de Mello renunciou ao seu
mandato em 92, mas depois acabou cassado pelo Congresso, pois
o processo já estava em curso.
A eventual renúncia de Arruda
é vital para o desfecho da crise da
violação do painel eletrônico do
Senado.
Aliados de ACM consideram
que a saída de cena do senador
brasiliense aliviaria a situação do
baiano.
O relator do Conselho de Ética
do Senado, Roberto Saturnino
(PSB-RJ), deve concluir seu relatório sobre o processo até o próximo dia 10 de maio.
Com a renúncia de Arruda, o senador pefelista passaria a argumentar que o principal responsável pelo episódio se auto-incriminou ao desistir de se defender perante o plenário. Dessa forma, o
baiano arriscaria-se a ir até o final
do processo, confiante de que no
plenário do Senado conseguiria
votos suficientes para barrar a punição.
Frágil
A decisão de Arruda de renunciar não visa diretamente a beneficiar ACM.
O senador brasiliense apenas
acredita que está numa posição
mais frágil do que a do baiano.
Arruda não crê que valha a pena
prolongar sua permanência no
Senado se eventualmente ficar
claro que sua cassação é inevitável
no plenário da Casa.
O senador brasiliense, entretanto, ainda não acredita que sua situação seja irreversível.
Arruda e seus assessores avaliam que o Senado está sendo movido pela mídia, que tem dado
amplo destaque ao episódio.
Entendem que esse apelo midiático terá seu ápice hoje, com a
repercussão da acareação de ontem.
A partir da semana que vem,
Arruda pretende contactar, direta
ou indiretamente, o maior número possível de senadores.
Pena
Apresentará um argumento: a
pena para a violação do painel
não pode ser a mesma que recebe
um senador sobre o qual paira a
suspeita de roubo ou desvio de dinheiro público.
Depois das suas conversas na
semana que vem Arruda deve tomar sua decisão.
Se se convencer de que será cassado, pode renunciar ao mandato.
Texto Anterior: Globo aproveita a crise para escarnecer de ACM Próximo Texto: Acareação virou um interrogatório, diz especialista Índice
|