São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001

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SENADO EM CRISE

Acareação atrai poucos em São Paulo

Lojas de eletrodomésticos não deixam TVs ligadas na programação do Senado

CÉLIA CHAIM
DA REPORTAGEM LOCAL

Não fosse o mineiro Nilton Moreno, oficial de Justiça aposentado, as emissoras de TV não teriam um único personagem acompanhando a acareação tripla no Senado em Brasília nas vitrines das grandes lojas de eletrodomésticos do centro de São Paulo. Por cerca de uma hora, Moreno assistiu na tarde de ontem, sozinho e sem som, a uma parte dos depoimentos pelos seis aparelhos da Casas Bahia, atrás do Teatro Municipal. Não ouviu uma palavra, porque os aparelhos estavam sem som, mas chegou a seu veredicto: "Tem que haver punição".
As concorrentes mais diretas no varejo de eletrodomésticos preferiram outras programações. Na rua Conselheiro Crispiniano, a G. Aronson exibia em 14 modelos diferentes de aparelhos "Animal Plant" -audiência zero.
Por ironia ou acaso, os 30 aparelhos ligados na Pontofrio chamavam para "A Semana das Múmias". A loja deixou uma única LG de 14 polegadas, com imagem chuviscada, mostrando os depoimentos ao vivo. Quem acompanhou o tempo todo sem prestar atenção foi o segurança da loja; quem parou foi só para conferir a promoção.
As casas de fliperama estavam lotadas, o Bar e Café Crispiniano, na esquina da 7 de Abril, cheio, mas com a TV desligada. Os camelôs do viaduto do Chá e da rua São Bento não sabiam por que tanta câmara de televisão por ali. "Seria uma blitz?", se indagavam, sem saber que, na verdade, a blitz estava acontecendo bem distante dali, no centro da capital federal. Eles não sabem quem são José Roberto Arruda e Regina Borges; ACM, dizem, é o homem que manda na Bahia e ponto final.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, os corretores mal podiam olhar para o luminoso vermelho que transmitia notícias o tempo todo, anunciando o início da acareação.
A expectativa era de que o Ibovespa recuasse por causa da sessão do Conselho de Ética do Senado. Eles erraram. A falta de novas revelações despreocupou os investidores e favoreceu a ampliação dos ganhos da Bolsa paulista nas últimas horas de negócios, fechando com alta de 1,6% -a sexta valorização nos últimos oito pregões.


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