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SENADO EM CRISE
Acareação atrai poucos em São Paulo
Lojas de eletrodomésticos não deixam TVs ligadas na programação do Senado
CÉLIA CHAIM
DA REPORTAGEM LOCAL
Não fosse o mineiro Nilton Moreno, oficial de Justiça aposentado, as emissoras de TV não teriam
um único personagem acompanhando a acareação tripla no Senado em Brasília nas vitrines das
grandes lojas de eletrodomésticos
do centro de São Paulo. Por cerca
de uma hora, Moreno assistiu na
tarde de ontem, sozinho e sem
som, a uma parte dos depoimentos pelos seis aparelhos da Casas
Bahia, atrás do Teatro Municipal.
Não ouviu uma palavra, porque
os aparelhos estavam sem som,
mas chegou a seu veredicto: "Tem
que haver punição".
As concorrentes mais diretas no
varejo de eletrodomésticos preferiram outras programações. Na
rua Conselheiro Crispiniano, a G.
Aronson exibia em 14 modelos diferentes de aparelhos "Animal
Plant" -audiência zero.
Por ironia ou acaso, os 30 aparelhos ligados na Pontofrio chamavam para "A Semana das Múmias". A loja deixou uma única
LG de 14 polegadas, com imagem
chuviscada, mostrando os depoimentos ao vivo. Quem acompanhou o tempo todo sem prestar
atenção foi o segurança da loja;
quem parou foi só para conferir a
promoção.
As casas de fliperama estavam
lotadas, o Bar e Café Crispiniano,
na esquina da 7 de Abril, cheio,
mas com a TV desligada. Os camelôs do viaduto do Chá e da rua
São Bento não sabiam por que
tanta câmara de televisão por ali.
"Seria uma blitz?", se indagavam,
sem saber que, na verdade, a blitz
estava acontecendo bem distante
dali, no centro da capital federal.
Eles não sabem quem são José
Roberto Arruda e Regina Borges;
ACM, dizem, é o homem que
manda na Bahia e ponto final.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, os corretores mal podiam
olhar para o luminoso vermelho
que transmitia notícias o tempo
todo, anunciando o início da acareação.
A expectativa era de que o Ibovespa recuasse por causa da sessão do Conselho de Ética do Senado. Eles erraram. A falta de novas
revelações despreocupou os investidores e favoreceu a ampliação dos ganhos da Bolsa paulista
nas últimas horas de negócios, fechando com alta de 1,6% -a sexta valorização nos últimos oito
pregões.
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