São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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MERCADO DA SUCESSÃO

Petista compara últimos dias à campanha de 89

Para Lula, há uma "onda de terrorismo" contra o PT

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O pré-candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que começou uma "onda de terrorismo" contra sua candidatura, em alusão à alta do dólar e à queda da Bolsa, atribuídas em parte à subida do petista nas pesquisas eleitorais.
"[Na campanha] vamos falar para aqueles que ainda acreditam nas boatarias a que são submetidos diariamente no rádio e na televisão, como ontem, quando começou uma onda de terrorismo. E não pense que essa onda de terrorismo é besteira, não. Ela atinge a dona-de-casa, o taxista", disse.
Anteontem, um analista do ABN Amro afirmou que o banco estava reduzindo sua recomendação de compra dos papéis brasileiros -fato negado depois pelo presidente da instituição, Fábio Barbosa-, tendo como um dos motivos o crescimento de Lula. O mesmo argumento foi usado pelos bancos de investimento americanos Merrill Lynch e Morgan Stanley, no início da semana.
Ontem, o Santander de Nova York tomou medida semelhante, mas dizendo que o motivo foi o agravamento da crise econômica. Outros quatro bancos mantiveram suas recomendações aos papéis brasileiros.
Acompanhado do presidente do PT, José Dirceu, Lula falou no encerramento da Conferência Eleitoral do PT, em Mato Grosso do Sul, governado por José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT.
Lula comparou os últimos dias com a campanha eleitoral de 89, quando perdeu para Fernando Collor de Mello.
"Os adversários sabem que não podem acusar o PT de desleixo administrativo, de malversador do patrimônio público, então o que eles vão tentar fazer? Eles vão tentar criar terrorismo. Vocês sabem que o Collor em 89 disse que eu ia tomar a poupança do povo brasileiro?", perguntou.
Na entrevista coletiva, quando questionado se os relatórios dos bancos estrangeiros divulgados nesta semana beneficiariam a candidatura governista de José Serra (PSDB), ele não respondeu.
Depois do discurso, Lula seguiria para o "Baile da Estrela Vermelha", festa de encerramento da conferência petista.

"A quem interessa?"
Mais cedo, em Ribeirão Preto (314 km de São Paulo), Lula disse que o país tem de perguntar a quem interessa as "especulações". "Ao PT não interessa, ao produtor rural não interessa, a quem fabrica máquinas para o produtor rural não interessa. Fica a pergunta no ar: a quem interessa?"
O deputado Aloizio Mercadante, um dos porta-vozes econômicos do partido, disse que o PT "não se rende aos especuladores".



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