São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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MERCADO DA SUCESSÃO

"De repente, ainda acham que a capital do Brasil é Buenos Aires", diz presidenciável do PSDB

Serra critica desinformação dos bancos

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador José Serra, presidenciável do PSDB, ironizou ontem a suposta desinformação dos responsáveis pelos relatórios de bancos estrangeiros divulgados nos últimos dias, que rebaixaram a avaliação do Brasil em razão do atual cenário eleitoral.
Para isso, o tucano utilizou uma imagem recorrente: a de que, em países desenvolvidos, algumas pessoas não saberiam nem qual é a capital do Brasil.
"Está ficando cansativo [esse assunto]. De repente, eles [os bancos] ainda acham que a capital do Brasil é Buenos Aires [capital argentina]", afirmou Serra ontem pela manhã, ao sair de uma reunião de pouco mais de uma hora com Fernando Henrique Cardoso no apartamento do presidente, em São Paulo.
O presidenciável reforçou a crítica afirmando que os relatórios são "perturbadores" e que não se deveria dar muita importância às pesquisas de intenção de voto feitas neste momento.
A principal justificativa dos bancos para rebaixar a nota do Brasil é a liderança folgada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas e a dificuldade de Serra de consolidar-se em segundo lugar. O tucano está tecnicamente empatado com o pré-candidato do PSB, Anthony Garotinho, na maioria das sondagens divulgadas recentemente.
"Não tem cabimento incluir pesquisa [eleitoral] em avaliação de risco econômico de país a essa altura, a tantos meses da eleição. É um equívoco. É algo perturbador e sem fundamento", declarou o pré-candidato ao Planalto.

"Palpite para a Copa"
Ainda com ironia, Serra declarou que as atuais pesquisas de intenção de voto são "como palpite para a Copa do Mundo".
Também presente à reunião com Serra e FHC no apartamento do presidente, o deputado federal José Aníbal, presidente nacional do PSDB, disse não crer que os relatórios dos bancos ajudem o pré-candidato tucano.
"O brasileiro está muito informado. Não vão ser avaliações, inclusive muitas delas cheias de equívocos, que vão definir ou contribuir decisivamente para uma opção de voto", afirmou.
Para ele, os relatórios não significam "de maneira alguma" uma reprovação à política econômica do atual governo.
Serra também voltou a condenar a política externa do presidente norte-americano, George Bush, que classificou de "unilateralista e protecionista".
"Minha esperança é que o governo Bush se afine mais com a América Latina, retroceda nesse acesso protecionista e tenha uma política externa menos unilateralista da que está tendo hoje", afirmou o tucano.


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