São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Cúpula peemedebista crê que tucano espera para ver se surgem denúncias contra Henrique Alves (RN)

PMDB vê manobra de Serra para testar vice

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula peemedebista avalia que a demora do pré-candidato tucano ao Planalto, José Serra, em confirmar o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) como seu vice é uma tentativa de testá-lo.
Serra concordou anteontem em acelerar a escolha do companheiro de chapa, aceitando logo um dos dois nomes indicado pela cúpula do PMDB -Henrique Alves ou Luiz Henrique (PMDB-SC)-, mas pediu tempo para pensar e bater o martelo neste final de semana em reunião com o presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP).
Essa atitude gerou desconfiança no PMDB. A não-confirmação abre espaço para Alves ser testado na mídia antes da oficialização na semana que vem, quando serão anunciados o vice e acordos estaduais entre PMDB e PSDB.
Dirigentes do PMDB temem que Serra queira queimar Alves. O tucano resiste ao nome por acreditar que podem existir supostas denúncias contra seu clã político.

"Prova de fogo"
Se surgirem reportagens negativas, o tucano crê que terá argumento para vetá-lo. Se não, Serra o aceitará, julgando que ele venceu "a prova de fogo", expressão usada por um dirigente tucano.
Além de resistir a Alves, o pré-candidato do PSDB também não tem simpatia pelo ex-prefeito de Joinville (SC) Luiz Henrique, segundo nome na predileção da direção peemedebista. Serra prefere o senador Pedro Simon (RS) ou a deputada federal Rita Camata (ES), nomes vetados pela cúpula do PMDB por terem jogado contra a aliança PSDB-PMDB.
O tucano crê que Simon tem mais densidade que os demais. E Rita, por ser mulher, é bem-vista pelos marqueteiros de Serra.

Pressão de FHC
A cúpula do PMDB, porém, dá sinais de que não deixará Alves na chuva. O presidente Fernando Henrique Cardoso já pressionou Serra a aceitá-lo, a fim de criar um fato consumado e evitar a implosão da aliança.
Se Serra tentar vetar Alves explicitamente, haverá nova crise na aliança que precisa ser selada nas convenções oficiais dos dois partidos em junho.
A direção do PMDB deseja bancar Alves por ele ser do Nordeste e reunir maior apoio entre as seções estaduais fiéis à atual cúpula. Alves é do grupo que apoiou a reeleição de FHC e que se bateu pela união com o PSDB.

Perfil
Henrique Alves, 54, é filho de Aluísio Alves, ex-ministro dos governos José Sarney e Itamar Franco e ex-governador do Rio Grande do Norte.
Os Alves e os Maia são oligarquias rivais na política potiguar dos últimos 30 anos.
No oitavo mandato consecutivo de deputado federal, Henrique Alves é considerado um bom articulador. Na lista do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), consta como um dos cem deputados federais mais influentes.
Formado em direito, o deputado presidiu comissões importantes, como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), e foi vice-líder do PMDB.
Nos últimos dois anos, destacou-se pela relatoria da proposta de emenda constitucional que permite ao capital estrangeiro participação nas empresas de comunicação.
Para aprová-la, conduziu articulações e venceu atritos entre os grandes grupos de comunicação do país. Sua família é proprietária da TV Cabugi (geradora afiliada à Rede Globo), da rádio Cabugi AM e do jornal "Tribuna do Norte".
No ano passado, assumiu uma secretaria na administração potiguar, do governador e primo Garibaldi Alves, como preparação para disputar o Estado.
A desistência do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB) de ser vice de Serra, porém, abriu espaço para ele se tornar opção favorita.


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