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Apoio não garante votos, diz sociólogo
CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O apoio formal da Convenção
Nacional das Assembléias de
Deus a José Serra dá menos garantias de voto ao candidato do
que teria, por exemplo, se tivesse obtido a adesão de uma igreja
como a Universal do Reino de
Deus. Isso, segundo o sociólogo
Ricardo Mariano, estudioso das
religiões evangélicas no país,
por duas razões principais.
A convenção é uma facção minoritária da Assembléia de Deus
(aproximadamente 30% da
igreja), com um rebanho estimado em cerca de 1,5 milhão de
fiéis -apesar de seus líderes divulgarem 10 milhões. A Igreja
Universal teria cerca de 3 milhões de fiéis.
Além disso, a Assembléia de
Deus é uma igreja descentralizada, cujos pastores locais possuem certa autonomia, diferentemente da Universal.
"A Assembléia de Deus tem
muita dificuldade para transformar seu rebanho religioso em
rebanho eleitoral", diz Mariano,
autor de "Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil". "Por conta da
fragmentação interna da igreja e
de uma certa autonomia religiosa e política que os pastores possuem, esse apoio [político] não é
necessariamente repassado para a base da igreja", diz.
Segundo o sociólogo, esse tipo
de influência dos líderes sobre
os fiéis se dá muito mais em
igrejas como a Universal, comandada pelo bispo Edir Macedo, que ainda não declarou
apoio formal a nenhum candidato. "A Universal é coesa, tem
um governo centralizado e impõe uma disciplina muito grande à base pastoral."
A Convenção Nacional das
Assembléias de Deus surgiu em
89, após um cisma na Convenção Geral das Assembléias de
Deus no Brasil.
Na campanha de 98 para o governo do Rio, por exemplo,
quando as duas convenções da
Assembléia de Deus apoiaram
Cesar Maia (então no PTB), o
candidato Anthony Garotinho,
presbiteriano e então no PDT,
ganhou a eleição com os votos
da maioria dos evangélicos.
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