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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidenciável do PPS diz que, após crise argentina, Brasil se tornou o "país mais vulnerável do mundo"
"Acho Lula uma temeridade", afirma Ciro
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O candidato do PT, Luiz Inácio
Lula da Silva, realmente ligou nesta semana para Ciro Gomes e o
convidou para jantar, com vistas a
uma aliança das esquerdas em
torno de seu nome, segundo afirmou o próprio Ciro.
"Respondi que não tinha cabimento", disse ontem o candidato
do PPS à Presidência. "O Lula subiu nas tamancas, de novo."
Para Ciro Gomes, "falta a ele
projeto para o país e experiência.
Acho Lula uma temeridade". O
ex-governador do Ceará disse
ainda que nem pensava em não
estar no segundo turno: "É tão
cansativa a campanha que você
não pode psicologicamente nem
dormindo admitir essa hipótese.
Eu vou estar lá no segundo turno,
aí vamos ver com quem".
Em quarto lugar nas pesquisas,
Ciro também não poupou o candidato do PSDB à Presidência da
República, José Serra: "É uma
pessoa que tem um treinamento
tecnocrático, mas é um homem
que não tem sensibilidade social
nenhuma, não tem compromisso
com o Brasil como um país, o
compromisso dele é vesgo, amarrado com o setor exportador e financeiro", declarou.
Instado a dar sua opinião sobre
Anthony Garotinho, do PSB, disse apenas, irônico: "É o ex-governador do Rio de Janeiro."
Convite
O ex-governador do Ceará estava em Nova York a convite da Câmara de Comércio Brasil-Estados
Unidos, como parte do ciclo de
palestras de presidenciáveis que o
órgão promove. "Esta foi a participação mais polêmica, pelo menos da minha gestão", disse ao final o presidente da entidade, Sérgio Millerman, do Banco Safra.
O candidato foi propositalmente mais contundente em suas críticas à política econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso. Procurava assim abafar a
repercussão da informação, publicada ontem na imprensa, de
que havia consultado o ministro
da Fazenda, Pedro Malan, para
definir um discurso no exterior
que não evidenciasse tantas divergências com o governo.
"Depois que a Argentina explodiu, o país mais vulnerável do
mundo é o Brasil", disparou Ciro
em conversa com os jornalistas.
"Quando você tem a economia
mundial fria, você terá um cenário hostil, e o que mais sofre é o
país que é mais vulnerável."
O pré-candidato do PPS fez seu
discurso em português, apesar de
grande parte da platéia ser de investidores e analistas norte-americanos. Ex-estudante da Universidade Harvard, nos EUA, Ciro
disse: "Estando longe de casa, terei de falar em português".
Mais tarde, confessou aos jornalistas que não se sentia confortável em responder às questões em
inglês e pediu ajuda do filósofo e
guru de Ciro, Roberto Mangabeira Unger, na tradução. Mangabeira Unger mora nos EUA, lecionando na Universidade Harvard.
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