São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Presidenciável do PPS diz que, após crise argentina, Brasil se tornou o "país mais vulnerável do mundo"

"Acho Lula uma temeridade", afirma Ciro

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, realmente ligou nesta semana para Ciro Gomes e o convidou para jantar, com vistas a uma aliança das esquerdas em torno de seu nome, segundo afirmou o próprio Ciro.
"Respondi que não tinha cabimento", disse ontem o candidato do PPS à Presidência. "O Lula subiu nas tamancas, de novo."
Para Ciro Gomes, "falta a ele projeto para o país e experiência. Acho Lula uma temeridade". O ex-governador do Ceará disse ainda que nem pensava em não estar no segundo turno: "É tão cansativa a campanha que você não pode psicologicamente nem dormindo admitir essa hipótese. Eu vou estar lá no segundo turno, aí vamos ver com quem".
Em quarto lugar nas pesquisas, Ciro também não poupou o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra: "É uma pessoa que tem um treinamento tecnocrático, mas é um homem que não tem sensibilidade social nenhuma, não tem compromisso com o Brasil como um país, o compromisso dele é vesgo, amarrado com o setor exportador e financeiro", declarou.
Instado a dar sua opinião sobre Anthony Garotinho, do PSB, disse apenas, irônico: "É o ex-governador do Rio de Janeiro."

Convite
O ex-governador do Ceará estava em Nova York a convite da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, como parte do ciclo de palestras de presidenciáveis que o órgão promove. "Esta foi a participação mais polêmica, pelo menos da minha gestão", disse ao final o presidente da entidade, Sérgio Millerman, do Banco Safra.
O candidato foi propositalmente mais contundente em suas críticas à política econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso. Procurava assim abafar a repercussão da informação, publicada ontem na imprensa, de que havia consultado o ministro da Fazenda, Pedro Malan, para definir um discurso no exterior que não evidenciasse tantas divergências com o governo.
"Depois que a Argentina explodiu, o país mais vulnerável do mundo é o Brasil", disparou Ciro em conversa com os jornalistas. "Quando você tem a economia mundial fria, você terá um cenário hostil, e o que mais sofre é o país que é mais vulnerável."
O pré-candidato do PPS fez seu discurso em português, apesar de grande parte da platéia ser de investidores e analistas norte-americanos. Ex-estudante da Universidade Harvard, nos EUA, Ciro disse: "Estando longe de casa, terei de falar em português".
Mais tarde, confessou aos jornalistas que não se sentia confortável em responder às questões em inglês e pediu ajuda do filósofo e guru de Ciro, Roberto Mangabeira Unger, na tradução. Mangabeira Unger mora nos EUA, lecionando na Universidade Harvard.


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