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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Nelson Jobim contesta críticas e afirma que "não existe absolutamente nenhum risco no sistema atual"
TSE não quer tirar Abin de voto eletrônico
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Nelson Jobim, resiste à proposta de
excluir a Abin (Agência Brasileira
de Inteligência) da preparação do
sistema de votação eletrônica das
eleições de outubro, apesar do temor de fraude apontado por partidos de oposição e da viabilidade
técnica da mudança.
Entre os políticos que mencionaram a possibilidade de fraude
com as urnas eletrônicas estão Ciro Gomes (PPS), Leonel Brizola
(PDT), Itamar Franco (PMDB).
Ligada à Presidência da República, a Abin tem participação indireta por meio de um órgão a ela
subordinado, o Cepesc (Centro
de Pesquisa e Desenvolvimento
para a Segurança das Comunicações). O órgão é responsável pelos
sistemas de segurança criados para impedir a violação dos disquetes que são retirados das urnas
eletrônicas e inseridos nos computadores da Justiça Eleitoral.
"Não há nenhuma necessidade
de excluir a Abin, que nem sequer
tem participação direta", afirmou
o presidente do TSE. "Não existe
absolutamente nenhum risco no
sistema atual", declarou.
Jobim não descarta a possibilidade de uma mudança, que está
em estudo pelos técnicos de informática do TSE. Ele diz que só decidirá a questão após receber relatório da auditoria da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas) nos programas do voto eletrônico usados em 2000. A entrega está prevista para quarta-feira.
A Folha apurou que a decisão
dependerá principalmente de
vontade política. A expectativa é
que a Unicamp faça recomendações sobre esse ponto.
O ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da
Presidência, general Alberto Cardoso, enviou correspondência à
Folha com explicações sobre a
atuação do Cepesc, em que afirma
que ela é totalmente segura.
Cardoso comparou o papel do
Cepesc ao do fabricante de um cofre que perde o controle sobre o
produto depois que o cliente cria
um segredo para abri-lo.
O papel do órgão é desenvolver
os sistemas de criptografia (embaralhamento de dados) pelos
quais é impossível ler e alterar as
informações dos boletins de urna
gravadas nos disquetes.
Em cada seção eleitoral, os dados são "embaralhados" no momento em que são retirados da
urna eletrônica. No outro extremo, somente os computadores da
Justiça Eleitoral que fazem a totalização dos votos detêm uma
"chave" (segredo) para desembaralhar e lê-los normalmente.
Esses sistemas foram usados
nas eleições de 1996, 1998 e 2000 e
podem novamente ser utilizados
neste ano. "O TSE criou as chaves
criptográficas e as manteve de forma segura, de tal forma que ninguém as conhece", afirmou o general Cardoso.
O engenheiro mecânico Amilcar Brunazo Filho, do Fórum do
Voto Eletrônico, responsável por
alerta a vários partidos sobre a
fragilidade do sistema de votação,
disse que, ao dominar alguns programas da urna eletrônica, o Cepesc teria acesso a outros e poderia manipulá-los para planejar
fraudes, como desvio de votos de
um candidato para outro.
Para ele, os programas de fraude poderiam ser desenvolvidos de
tal forma que não deixassem rastros. Uma alternativa técnica em
estudo pela Secretaria de Informática do TSE é a substituição
dos sistemas de criptografia por
outro em que seria bloqueada a
inserção de dados nos disquetes
com os boletins de urna, sem o
embaralhamento.
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