São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


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ELEIÇÕES
Dois maiores partidos de esquerda devem ser concorrentes em pelo menos 21 das capitais do país
Disputa municipal expõe racha de aliança PT-PDT

DA SUCURSAL DO RIO

Aliados tradicionais, PT e PDT vão disputar separadamente as eleições para prefeito este ano, pelo menos nas capitais. Os dois partidos estarão juntos no primeiro turno das eleições deste ano em apenas 3 das 26 capitais: Belo Horizonte, Natal e Fortaleza. Evidência do momento de afastamento dos dois partidos.
"Nossa relação com o PT é uma história de altos e baixos. Agora estamos na baixa. Mas ainda não bateu no chão", ironiza o ex-governador Leonel Brizola, presidente nacional do PDT.
"O contencioso entre PDT e PT não foi equacionado. Em processos eleitorais isso aflora", salienta o deputado federal João Paulo Cunha (SP), coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT.
"Não estamos brigando. Estamos fazendo uma separação amigável", afirma Brizola. Ele diz duvidar que essas alianças se concretizem nas cidades onde estão previstas. "Pode nem chegar a três."
E, segundo ele, um apoio político no segundo turno será apenas circunstancial. "Nenhuma aliança com eles (PT) deu o resultado esperado", reclama. Por lei, as convenções partidárias que definem as candidaturas ainda não ocorreram -o prazo vai até o fim do mês. Por isso, teoricamente, ainda pode haver mudanças.
Em duas capitais o quadro está praticamente definido: São Paulo e Rio Branco (AC). Na primeira a aliança foi negociada, mas depois descartada; na segunda é possível.
Em São Paulo, o PT disputava o apoio do PDT, que decidiu fechar aliança com Luiza Erundina (PSB). Em Rio Branco, há possibilidade de aliança em torno do candidato do PT, Raimundo Angelin, embora oficialmente o PDT tenha concorrente, Roberto Filho.
Assim, as coligações acontecerão em Belo Horizonte, em torno do prefeito Célio de Castro (PSB); em Fortaleza, com Inácio Arruda (PC do B); e em Natal, onde a candidata é Fátima Bezerra (PT).
Dessa forma, em 21 capitais os partidos concorrerão com nomes diferentes. Para Brizola, esse quadro é uma consequência de um período de "pouco entendimento". "Não se pode afirmar que é uma aliança com fôlego", admite João Paulo Cunha.
Separados, os partidos tentam reestruturar suas alianças. O PDT tem procurado se entender com o PSB. O PT prefere o PC do B.
Cunha diz acreditar que essa separação não representa um distanciamento entre os dois partidos. Segundo ele, em campanhas municipais prevalece a lógica municipal na estratégia de alianças.
O presidente do PDT discorda da avaliação. "Houve um divórcio. Cada um voltou para a sua casa. Ou melhor, nós voltamos para a nossa, porque o PT nunca saiu da dele. Nunca fez nenhuma visita. Não veio comer um churrasco na nossa casa", compara. "O PT não ouve ninguém. Quando conversa já vem com o prato feito."



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