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ELEIÇÕES
Pré-candidato petista à Prefeitura de São Bernardo busca apoio e dinheiro de empresários para a sua campanha
"Novo Vicentinho" quer ajuda de patrões
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Bernardo do Campo
(SP), o sindicalista Vicente Paulo
da Silva, o Vicentinho, está de volta às portas de fábrica -desta vez,
atrás do apoio, inclusive financeiro, dos empresários.
Presidente licenciado da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), Vicentinho, 43, definiu como
"alvos prioritários" de sua campanha os presidentes e diretores
das empresas sediadas na cidade.
Os objetivos declarados do sindicalista são três: amenizar a imagem negativa que 20 anos de defesa de greves e manifestações deixaram junto ao empresariado;
obter o compromisso deles de
que não vão sabotar sua pretensão de ser prefeito; e firmar com
os patrões um "pacto pela governabilidade", caso seja eleito.
Outras metas do "novo Vicentinho" são mais sutis e ambiciosas:
conseguir apoio de empresários à
campanha -não apenas declarações de voto e manifestações de
simpatia, mas também dinheiro.
"Vamos pedir aos empresários
apoio, declaração de voto e dinheiro também, se for contribuição dentro das regras. Só assim
para enfrentar a máquina da prefeitura", disse Vicentinho à Folha.
O oponente dele, Maurício Soares
(PPS), 59, é o atual prefeito e pré-candidato à reeleição. Maurício
tem 46% das intenções de voto
contra 22% de Vicentinho, conforme pesquisa Datafolha de 27
de maio, em um dos cenários.
O sindicalista conta com o
apoio de indústrias "médias, pequenas e grandes". Segundo a Folha apurou, a campanha de Vicentinho já tem promessas de
doações de pelo menos três empresas, todas metalúrgicas.
O petista iniciou sua maratona
de contatos com empresários há
dois meses. No último dia 23 de
maio, teve reunião com 30 diretores de empresas, dos ramos metalúrgico e químico, entre outros.
Entre elas, Volkswagen, Mercedes-Benz, Basf e Toshiba.
O encontro teve um tema principal: a fuga de indústrias de São
Bernardo, causada, entre outros
fatores, pela forte atuação do movimento sindical.
"Vicentinho é respeitado como
negociador, mas a imagem que
muitos empresários têm dele ainda é de um líder grevista. Será essa
a pessoa indicada para liderar o
resgate econômico da cidade?",
pergunta um dos empresários
presentes à reunião.
Vicentinho admite que seu
maior problema durante a campanha será de imagem.
Afinal, referências ao "velho Vicentinho" -o líder grevista que
organizou incontáveis piquetes
em portas de fábricas- deverão
ser uma das armas de seu oponente na eleição.
Ele admite que mudou -"todos nós mudamos"-, mas declara que continua "coerente com
seus princípios".
"É injusto me julgar hoje pelos
meus atos dos anos 80. Era uma
época muito radicalizada, em que
havia pouco espaço para negociação e tínhamos de recorrer à greve, diferente de hoje", afirma ele,
que faz questão de ressaltar que
continua achando a greve "um direito constitucional".
Para reduzir sua rejeição entre
os empresários, Vicentinho dá
curso também a um processo de
"polimento" em sua imagem.
A operação começou, na verdade, há dois anos, quando ele se
matriculou no curso de direito em
uma universidade de São Bernardo. Ele promete continuar a assistir às aulas mesmo quando a campanha estiver no auge.
Nos últimos meses, o petista começou a fazer viagens ao exterior,
para, segundo ele, buscar idéias
para seu programa de governo.
A "globalização" do sindicalista
incluiu viagens à Europa, aos
EUA e, na última semana, à África
do Sul, onde se encontrou com
Nelson Mandela -agraciado
com o título de "cidadão são-bernardense". Vicentinho diz que
tem conversado, entre outros,
com o primeiro-ministro da Holanda, Wim Kok: "Meu amigo
pessoal e exemplo de líder trabalhista que chegou ao poder".
"Eu quero reunir as melhores
idéias para pôr em prática em São
Bernardo. Esta cidade precisa de
soluções criativas", diz.
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