São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


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ELEIÇÕES
Governador de Minas Gerais queria que PT e PMDB formassem uma aliança em todas as grandes cidades do Estado
Estratégia eleitoral de Itamar fracassa

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O desejo do governador de Minas, Itamar Franco (sem partido, ex-PMDB), de unir os partidos de centro aos de esquerda nas eleições municipais está fracassando nas maiores cidades mineiras.
São oito municípios com mais de 100 mil eleitores em Minas, incluindo a capital, Belo Horizonte, onde as alianças de centro-esquerda serviriam como base no Estado para a disputa de 2002.
Itamar vem dizendo que apenas com a centro-esquerda unida haverá uma chance real de derrotar as forças que hoje dão sustentação ao governo federal na sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
E o seu desejo era que isso começasse desde já, embora tenha admitido ser difícil. "Dentro do possível, vamos tentar em Minas Gerais", disse recentemente.
Só em Uberaba e Montes Claros o PMDB e o PT -os maiores partidos das alianças imaginadas por Itamar- se entenderam. Nem mesmo em Juiz de Fora, terra do governador, a aliança vingou.
Quando tudo caminhava para o entendimento, Itamar resolveu atrair o PSDB e ofereceu aos tucanos, desafetos do PMDB no Estado, ser vice de Murílio Hingel, secretário estadual da Educação.
Ninguém entendeu nada. O resultado da investida de Itamar foi uma chuva de críticas. O PMDB reclamou, o PT recuou, o PSDB estadual protestou e o próprio governador abandonou o processo.
"Eu queria dar uma contribuição à cidade onde iniciei a vida pública, mas encontrei muita incompreensão", disse Itamar.
Antes mesmo desse episódio, suas investidas já surpreendiam. Ele tinha decidido que Maria José Feres (PT), adjunta de Hingel, seria a candidata da aliança.
A indicação surpreendeu o presidente do PT municipal, Martvs das Chagas (pronuncia-se Martius). Nem ele sabe explicar por que o nome de Feres não vingou. Especulou-se que ela não podia ser candidata por ter atrasado a transferência do seu título eleitoral, mas o PMDB fez restrições.
Chagas ainda busca a formação da aliança: espera que o PMDB apóie o deputado Paulo Delgado.
O presidente do PMDB em Juiz de Fora, João César Novaes, não desistiu: "Queremos um projeto para somar com a proposta do governador", disse Novaes, que propôs o apoio à reeleição de Tarcísio Delgado. O PT resiste.
Também houve desencontros em Uberlândia, onde PT e PMDB terão candidatos próprios. O postulante do PMDB, deputado federal Zaire Rezende, lamenta o desentendimento, mas disse que estará com o PT no segundo turno.
As alianças também foram frustradas em Belo Horizonte e Contagem, onde as divergências entre os partidos são históricas. Em Divinópolis, eles ainda conversam.
Mas foi em Governador Valadares que as investidas não só falharam, mas terão rumos totalmente diferentes com a nacionalmente improvável união PT-PFL, sendo a chapa encabeça pelo deputado federal petista João Fassarella.


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