São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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RETÓRICA E AÇÃO

Presidente afirma que força dos tucanos na Casa torna mais difícil aprovar o mínimo nela do que na Câmara

Lula diz que PSDB tem "bunker" no Senado

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a aprovação do salário mínimo de R$ 260 no Senado vai ser difícil porque lá está o "grande bunker" do PSDB.
A declaração foi dada anteontem à noite, em Brasília, em jantar com editores do grupo de comunicação RBS, com sede em Porto Alegre, e publicada ontem no jornal "Zero Hora".
"Foi uma grande vitória", ele afirmou, sobre a aprovação pela Câmara dos Deputados do salário mínimo de R$ 260. "No Senado vai ser mais difícil porque há uma concentração de forças mais apertada. O grande bunker do PSDB é no Senado." O partido tem 12 senadores, de um total de 81.
A oposição também aposta na sua força no Senado. Mas apesar de líderes oposicionistas terem dito ontem ao ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) que o salário mínimo não será aprovado na Casa, o governo confia num enquadramento do PT para sair vitorioso. Para isso, conta também com um acordo com o grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O PT tem 13 senadores. Três -Paulo Paim (RS), Serys Slhessarenko (MT) e Ana Júlia (PA)- já avisaram que votam contra os R$ 260, e Cristovam Buarque (DF) disse que pretende se abster. Flávio Arns (PR) também é contra, mas disse que ainda não decidiu como votará. O governo, porém, avalia que consegue reverter as resistências. Na Câmara, havia 21, que acabaram virando cinco.
O Planalto confia no discurso político de que o PT não pode derrotar o próprio governo. No limite, o presidente Lula será obrigado a vetar o mínimo de R$ 260. Ou seja, é uma derrota do governo que não valeria a pena para o próprio PT impor a Lula.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), bastante interessado em recuperar algum prestígio político, afirma que Sarney quer se vingar do governo por ele não ter apoiado a emenda da reeleição para os presidentes das duas Casas, derrotada já no primeiro turno na Câmara. Sarney, porém, tem se mostrado aberto a um entendimento
Oposicionista, o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que partidos da própria base do governo, como o PMDB e o PL, dariam votos para aprovar um valor maior. No Senado, a medida provisória do mínimo tem que ser aprovada com maioria simples desde que seja atingido o quórum de 41 senadores.
O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), demonstrou otimismo. Segundo ele, 90% da bancada do PMDB (22) votará a favor do salário proposto pelo governo.


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