São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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RETÓRICA E AÇÃO

Em reunião ministerial hoje, presidente discutirá uso de mão-de-obra de estatais em setores inoperantes

Lula recorre a gerentes para empurrar governo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reforço em áreas inoperantes com gerentes dos bancos oficiais e balanço da política externa nestes 17 meses de governo serão os temas da reunião ministerial de hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião está prevista para durar das 9h às 13h, com almoço em seguida. O churrasco de confraternização noite adentro está fora do roteiro.
Quem conversou com Lula nos últimos dias ouviu uma análise bastante crítica em relação à própria equipe. Isso não é grande novidade, já que ele tem reclamado até de público da falta de resultados em certos setores. A novidade é que ele está deslocando gerentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para socorrer ministérios ineficientes. A idéia de Lula é oferecer esses gerentes a ministros em apuros.
Primeiro exemplo: recentemente telefonou para o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e pediu que uma equipe da instituição com experiência em crédito rural se reunisse com membros do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do petista gaúcho Miguel Rosseto, a fim de resolver problemas no programa de agricultura familiar.
Segundo exemplo: ligou para o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e solicitou ajuda para o Ministério das Cidades, de outro petista gaúcho, Olívio Dutra. Insatisfeito com o ritmo dos investimentos dos programas de habitação popular e saneamento, Lula acredita que uma equipe da Caixa conseguirá ajudar Olívio a deslanchar.
Lula também insistirá nas cobranças para que os gastos em investimentos sejam efetivamente feitos. A execução orçamentária de 2004 anda baixa. Segundo dados atualizados até o dia 7 de maio, a União investiu 1,99% do total previsto no Orçamento de 2004. Em números, foram apenas R$ 246,2 milhões dos R$ 12,4 bilhões autorizados até dezembro.
A tendência não é ser para já, mas Lula pensa em fazer modificações até no primeiro escalão. O presidente avalia se é melhor realizar uma nova reforma ministerial pós-eleições municipais de outubro e pré-eleição dos presidentes da Câmara e do Senado ou ir fazendo alterações aos poucos.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também voltou ao centro das críticas internas do governo. O presidente do órgão, Carlos Lessa, resistiu a várias tentativas de derrubá-lo. Seu segredo é o apadrinhamento dos economistas Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares, ícones do petismo e pessoas de quem Lula gosta.
Daí as baterias dos atuais críticas de uma suposta inoperância do BNDES estarem voltadas para o vice da instituição, Darc Costa. Lula tem sido estimulado a trocar Costa por uma pessoa mais afinada com a do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que ganhou gás com o crescimento do PIB no primeiro trimestre.
Lula pretende ainda fazer um balanço de toda a sua política externa, aproveitando o recente retorno da viagem à China.
Sua intenção é, nas palavras de um auxiliar, "ver como cada ministério se encaixa dentro dessa política". A idéia de Lula é mapear iniciativas nas diversas áreas do ministério para ajudar o país a exportar mais.


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