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RETÓRICA E AÇÃO
Em reunião ministerial hoje, presidente discutirá uso de mão-de-obra de estatais em setores inoperantes
Lula recorre a gerentes para empurrar governo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reforço em áreas inoperantes
com gerentes dos bancos oficiais e
balanço da política externa nestes
17 meses de governo serão os temas da reunião ministerial de hoje com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. A reunião está prevista para durar das 9h às 13h,
com almoço em seguida. O churrasco de confraternização noite
adentro está fora do roteiro.
Quem conversou com Lula nos
últimos dias ouviu uma análise
bastante crítica em relação à própria equipe. Isso não é grande novidade, já que ele tem reclamado
até de público da falta de resultados em certos setores. A novidade
é que ele está deslocando gerentes
do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal para socorrer
ministérios ineficientes. A idéia
de Lula é oferecer esses gerentes a
ministros em apuros.
Primeiro exemplo: recentemente telefonou para o presidente do
Banco do Brasil, Cássio Casseb, e
pediu que uma equipe da instituição com experiência em crédito
rural se reunisse com membros
do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do petista gaúcho Miguel Rosseto, a fim de resolver
problemas no programa de agricultura familiar.
Segundo exemplo: ligou para o
presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e solicitou ajuda para o Ministério das Cidades, de outro petista
gaúcho, Olívio Dutra. Insatisfeito
com o ritmo dos investimentos
dos programas de habitação popular e saneamento, Lula acredita
que uma equipe da Caixa conseguirá ajudar Olívio a deslanchar.
Lula também insistirá nas cobranças para que os gastos em investimentos sejam efetivamente
feitos. A execução orçamentária
de 2004 anda baixa. Segundo dados atualizados até o dia 7 de
maio, a União investiu 1,99% do
total previsto no Orçamento de
2004. Em números, foram apenas
R$ 246,2 milhões dos R$ 12,4 bilhões autorizados até dezembro.
A tendência não é ser para já,
mas Lula pensa em fazer modificações até no primeiro escalão. O
presidente avalia se é melhor realizar uma nova reforma ministerial pós-eleições municipais de
outubro e pré-eleição dos presidentes da Câmara e do Senado ou
ir fazendo alterações aos poucos.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) também voltou ao centro
das críticas internas do governo.
O presidente do órgão, Carlos
Lessa, resistiu a várias tentativas
de derrubá-lo. Seu segredo é o
apadrinhamento dos economistas Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares, ícones do petismo
e pessoas de quem Lula gosta.
Daí as baterias dos atuais críticas de uma suposta inoperância
do BNDES estarem voltadas para
o vice da instituição, Darc Costa.
Lula tem sido estimulado a trocar
Costa por uma pessoa mais afinada com a do ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, que ganhou gás com o crescimento do
PIB no primeiro trimestre.
Lula pretende ainda fazer um
balanço de toda a sua política externa, aproveitando o recente retorno da viagem à China.
Sua intenção é, nas palavras de
um auxiliar, "ver como cada ministério se encaixa dentro dessa
política". A idéia de Lula é mapear
iniciativas nas diversas áreas do
ministério para ajudar o país a exportar mais.
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