São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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"GATINHO"

Risco a inspetor antecipa início de ação da PF

DA REPORTAGEM LOCAL

A ação que resultou na prisão do empresário Law Kin Chong e do despachante Pedro Lindolfo Sarlo, na terça-feira, pela Polícia Federal de Brasília, foi antecipada porque o serviço de inteligência da instituição avaliou que o inspetor Fernando Miranda, 39, chefe da inteligência da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pirataria no Congresso, corria risco.
De acordo com o procurador da República Pedro Barbosa, "houve uma avaliação de que ele [Miranda] corria risco, e achamos por bem apressar a ação".
A atuação do inspetor que culminou no flagrante de tentativa de extorsão praticada por Sarlo começou em 19 de abril. Na ocasião, o despachante telefonou para Miranda e disse que tinha informações importantes para passar à CPI. Segundo o inspetor, ele teria falado em nome de Chong e proposto pagamento de US$ 2 milhões para que a comissão não mais o investigasse.
Fingindo interesse, Miranda falava freqüentemente com Sarlo por um celular que lhe fora dado. Na terça, combinaram reunião no escritório de Medeiros. Sarlo foi detido com US$ 75 mil, que seriam entregues ao deputado como parte do pagamento.

"Relação orgânica"
Ontem, o material apreendido na casa e no escritório de Chong começou a ser inventariado pela PF em Brasília, que, com base nesses documentos, identificou o envolvimento de autoridades municipais, estaduais e federais no esquema de contrabando de Chong. Para a polícia, já há indícios de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Segundo o relatório de um delegado, os documentos demonstram uma "relação orgânica" com autoridades das três esferas.
Chong prestará depoimento em Brasília na segunda, no inquérito aberto na terça para investigar lavagem de dinheiro e sonegação.
A PF recolheu anteontem cerca de uma tonelada de documentos em mais de uma dezena de endereços ligados a Chong. Só o imóvel em que ele morava estava em seu nome. A suspeita é que Chong utilize a compra de imóveis para a lavagem de dinheiro.
De modo a evitar a investigação das polícias estaduais, Chong teria ainda em sua lista policiais militares, civis e membros do Judiciário. (CHICO DE GOIS)


Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília

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