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OPERAÇÃO VAMPIRO
Valor declarado por tesoureiro do PT não bate com levantamento da Folha; "foi de maneira legal", afirma ele
Não importa quanto foi doado, diz Delúbio
RAYMUNDO COSTA
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT, Delúbio Soares, afirmou que vai fazer
uma varredura nas contas da
campanha do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em 2002, para determinar precisamente qual
foi o valor doado por laboratórios
farmacêuticos e se há entre eles
empresas da "máfia" que desviava recursos do Ministério da Saúde. O levantamento deve ficar
pronto até quarta-feira.
As cifras que teriam sido doadas
pelos laboratórios mencionadas
até agora não batem. Levantamento feito pela Folha na prestação de contas da campanha contabilizou R$ 1,075 milhão. Delúbio falou de um valor entre R$ 1,5
milhão e R$ 1,6 milhão. "Mas eu
tenho de ver. [...] Não importa
quanto foi. O que importa é que
doaram de maneira legal", afirmou ontem ele à Folha.
Delúbio também falou sobre as
suspeitas de envolvimento do PT
com acusados de envolvimento
em fraudes no Ministério da Saúde. Referiu-se especificamente ao
seu relacionamento com Reginaldo Muniz Barreto (ex-diretor-executivo do Fundo Nacional de
Saúde) e Laerte Corrêa Júnior.
Este último é citado no depoimento prestado à PF, em 25 de
maio, por Francisco Danúbio Honorato, empresário que, como
Laerte, foi detido, mas já liberado.
Honorato declara ter ouvido
"comentários" de que Laerte teria
autorização de Delúbio para solicitar dinheiro das empresas farmacêuticas e intermediar interesses delas junto à Saúde.
Sobre isso, Delúbio declarou, no
começo desta semana: "Não corresponde à verdade. Ninguém está autorizado a falar em nome do
PT nem em meu nome. Você acha
que sou maluco?".
Ontem, disse: "O Laerte prestava consultoria -é assim que ele
falava- para os laboratórios. Até
então não havia nada que depusesse contra ninguém".
A Folha indagou a Delúbio se
durante a eleição de 2002 ocorreu
a ele e a outros dirigentes petistas
alguma desconfiança de Laerte
Corrêa. O tesoureiro respondeu:
"Na época, não. Ele até falava
pouco. Estava sempre acompanhado. Quem falava era o representante oficial do laboratório".
Sobre Barreto, Delúbio disse conhecê-lo "há anos" e que espera
poder "ter a tranqüilidade de ele
não estar envolvido nisso".
O tesoureiro também comentou um "boato" segundo o qual
haveria uma foto de Laerte com o
presidente Lula: "Que eu saiba,
não tem".
Colaborou IURI DANTAS,
da Sucursal de Brasília
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