|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SÃO PAULO
Propina seria entregue a ex-secretário municipal em caixas de uísque
Investigado, ex-vereador envolve Maluf em escândalo
LILIAN CHRISTOFOLETTI
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Armando Mellão, ex-presidente
da Câmara Municipal de São Paulo (1999-2000) filmado e preso
numa suposta tentativa de extorsão, acusou o ex-prefeito Paulo
Maluf (PP) de ser o receptor da
maior parte do dinheiro desviado
de obras públicas.
A construção da avenida Água
Espraiada e do túnel Ayrton Senna, segundo Mellão, teriam rendido ao grupo de Maluf cerca de
US$ 1,5 milhão em propina.
Mellão, solto há três semanas,
foi ouvido no dia 25 pelos promotores Sílvio Marques e Sérgio Sobrane, que investigam a movimentação no exterior de milhões
de dólares atribuídos a Maluf.
Contas na Suíça (transferidas
para o paraíso fiscal de Jersey) foram abastecidas, para a Promotoria, com o superfaturamento de
obras na gestão Maluf (93-96).
O ex-presidente da Câmara disse que, mensalmente, as construtoras (CBPO, Constran, Mendes
Júnior e OAS) repassavam milhares de dólares ao ex-secretário
Reynaldo de Barros (Obras). O dinheiro, afirmou, era escondido
em caixas de uísque Johnny Walker Red Label. "Cada caixa tinha
ao menos US$ 100 mil e, como
sempre eram 12 caixas, poderia
haver até US$ 1,2 milhão", disse
Mellão, que contou ter visto a cena "pelo menos 30 vezes".
"Foi o dr. Reynaldo que viabilizou o dinheiro para Paulo Maluf
no exterior", disse o ex-vereador,
que foi secretário pessoal de Reynaldo de Barros (1993-1996).
As acusações do ex-vereador foram reforçadas pelas declarações
de Marcos Feliciano de Oliveira,
motorista de Barros entre 79 e 96
-depois assessor de Mellão.
Em seu depoimento à Promotoria, Oliveira afirmou que as caixas
de uísque eram entregues diretamente a Maluf por Barros. "Levei
o secretário na casa de Maluf."
Disse ainda que Barros tem uma
conta bancária não declarada nos
EUA e uma "offshore" (empresa
estrangeira), a Ber Comporation.
O promotor Sílvio Marques disse que os representantes das construtoras serão chamados a depor
e que irá pedir a quebra do sigilo
bancário internacional de Barros
-a do nacional foi obtida em
2002, e as informações são mantidas em segredo.
Mellão foi preso em flagrante
num flat, acusado de extorquir dinheiro do ex-deputado estadual
Reynaldo de Barros Filho (PP). O
dinheiro foi entregue pelo advogado de Reynaldo Filho. Pelas investigações da PF, Mellão dizia falar em nome de congressistas da
CPI do Banestado e afirmava que
podia barrar investigações. Mellão afirma ter sido vítima de "armação" da família Barros.
Texto Anterior: Eleições 2004: MST quer eleger nove prefeitos do PT no Pontal Próximo Texto: Outro lado: Para ex-prefeito, depoentes não têm credibilidade Índice
|