São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/UM ANO DEPOIS

Rural teve prejuízo recorde, enquanto BMG celebrou lucro

Bancos envolvidos no escândalo viram depósitos despencarem em 2005; crédito consignado evitou perdas maiores do BMG

Rural ainda teve nomes de quatro dirigentes incluídos na denúncia oferecida pela Procuradoria, que também investiga atuação do BMG

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os bancos do mensalão, Rural e BMG, vivem hoje situações distintas. Enquanto o Rural obteve no ano passado o maior prejuízo da sua história de 40 anos, o BMG segue líder no mercado de crédito consignado e teve lucro líquido em 2005 de R$ 382 milhões.
A situação do Rural é ainda pior porque quatro de seus dirigentes foram denunciados pela Procuradoria Geral da República. Foi o "núcleo financeiro" do esquema, conforme a denúncia, "em busca de vantagens indevidas de integrantes do governo federal". O banco nega.
Do Rural e do BMG saíram os supostos empréstimos para o PT e para o empresário Marcos Valério de Souza financiarem o mensalão. Agora, os bancos cobram na Justiça cerca de R$ 110 milhões de Valério e de suas agências, que cobram do PT.
No seu balanço anual, o Rural afirmou que a crise "afetou a imagem" da instituição. Fechou 2005 com prejuízo de R$ 322 milhões. Os depósitos caíram de R$ 3 bilhões (2004) para R$ 1,1 bilhão. O patrimônio líquido baixou de R$ 678 milhões para R$ 334 milhões.
Com isso, sofreu um drástico ajuste: o número de funcionários caiu de 2.227 para 890; o de agências, de 122 para 40.
O Rural informou que "os ajustes feitos já sinalizam para uma reversão do prejuízo apresentado" e que já teve melhora na sua classificação pela agência de risco Fitch Ratings.
Embora ainda esteja sendo investigado pela Procuradoria, o BMG comemora os resultados. O banco se sustentou na crise devido à sua principal linha de atuação: o crédito consignado em folha de pagamento. Na crise, os depósitos caíram quase pela metade, atingindo R$ 678 milhões. A perda foi suprida com a cessão de R$ 6,1 bilhões em créditos da carteira consignada a grandes bancos, como o R$ 1 bilhão para a Caixa Econômica Federal -operação sob investigação.
O patrimônio líquido da instituição saltou de R$ 536 milhões para R$ 803 milhões; o lucro líquido aumentou 39%. Procurado pela reportagem, o BMG não quis se manifestar.


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