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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/UM ANO DEPOIS
Rural teve prejuízo recorde, enquanto
BMG celebrou lucro
Bancos envolvidos no escândalo viram depósitos despencarem em 2005; crédito consignado evitou perdas maiores do BMG
Rural ainda teve nomes de quatro dirigentes incluídos na denúncia oferecida pela Procuradoria, que também investiga atuação do BMG
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os bancos do mensalão, Rural e BMG, vivem hoje situações distintas. Enquanto o Rural obteve no ano passado o
maior prejuízo da sua história
de 40 anos, o BMG segue líder
no mercado de crédito consignado e teve lucro líquido em
2005 de R$ 382 milhões.
A situação do Rural é ainda
pior porque quatro de seus dirigentes foram denunciados pela
Procuradoria Geral da República. Foi o "núcleo financeiro" do
esquema, conforme a denúncia, "em busca de vantagens indevidas de integrantes do governo federal". O banco nega.
Do Rural e do BMG saíram os
supostos empréstimos para o
PT e para o empresário Marcos
Valério de Souza financiarem o
mensalão. Agora, os bancos cobram na Justiça cerca de R$ 110
milhões de Valério e de suas
agências, que cobram do PT.
No seu balanço anual, o Rural
afirmou que a crise "afetou a
imagem" da instituição. Fechou 2005 com prejuízo de
R$ 322 milhões. Os depósitos
caíram de R$ 3 bilhões (2004)
para R$ 1,1 bilhão. O patrimônio líquido baixou de R$ 678
milhões para R$ 334 milhões.
Com isso, sofreu um drástico
ajuste: o número de funcionários caiu de 2.227 para 890; o de
agências, de 122 para 40.
O Rural informou que "os
ajustes feitos já sinalizam para
uma reversão do prejuízo apresentado" e que já teve melhora
na sua classificação pela agência de risco Fitch Ratings.
Embora ainda esteja sendo
investigado pela Procuradoria,
o BMG comemora os resultados. O banco se sustentou na
crise devido à sua principal linha de atuação: o crédito consignado em folha de pagamento. Na crise, os depósitos caíram quase pela metade, atingindo R$ 678 milhões. A perda
foi suprida com a cessão de
R$ 6,1 bilhões em créditos da
carteira consignada a grandes
bancos, como o R$ 1 bilhão para
a Caixa Econômica Federal
-operação sob investigação.
O patrimônio líquido da instituição saltou de R$ 536 milhões para R$ 803 milhões; o
lucro líquido aumentou 39%.
Procurado pela reportagem, o
BMG não quis se manifestar.
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