São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Petista diz que, caso seja privatizada, o vencedor em 2002 terá de "retomá-la para o Estado brasileiro"

Em MG, Lula fala em reestatizar Furnas

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IBIRACI

O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, caso Furnas Centrais Elétricas seja privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, o PT deverá reestatizar a empresa de energia se chegar ao Planalto em 2002.
A afirmação foi feita em cima de um caminhão, na praça principal de Ibiraci, cidade do sudoeste mineiro na região de Furnas.
O discurso de Lula, presenciado por cerca de 600 pessoas-segundo os organizadores do ato-, destoa do tom "light" que ele e o PT vêm adotando.
Citando o governador mineiro, Itamar Franco (PMDB), Ciro Gomes (PPS-CE) e o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), ele afirmou: "É preciso que todos esses candidatos tenham a coragem de assumir o compromisso de que Furnas não será privatizada neste país".
"Se FHC fizer com Furnas o que fez com as telecomunicações, privatizando às vésperas das eleições, qualquer um da oposição que ganhar a eleição tem que ter a coragem de retomar a empresa para o Estado brasileiro", disse.
Segundo Lula, o compromisso petista está registrado em documento do partido.
Ontem o governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, advertiu o PT para as negociações que Itamar pode fazer com os outros pré-candidatos de oposição e disse que o partido deve tentar articular amplas alianças desde já. Itamar é um dos maiores opositores da privatização de Furnas.
"O PT deve se preocupar com as alianças que Itamar negocia. Juntos, os três (Itamar, Ciro e Garotinho) teriam um candidato muito forte e essa soma dificulta. Mas essa lógica da soma deve ser seguida pelo PT", disse Zeca. O governador esteve em Brasília ontem para assinar um convênio com o ministro da Integração Nacional, Ramez Tebet (PMDB).
Em Minas, Lula também criticou o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), por ter dito anteontem que o PT terá que "radicalizar" o seu programa econômico e que, caso vença a eleição, os investidores externos serão afugentados.
"O Bornhausen faz parte daqueles políticos que não merecem um milímetro de confiança e atenção. A imagem que guardo dele é a imagem que guardo do Collor", afirmou Lula.

Molecagem
Indagado sobre as críticas que recebeu de Garotinho, que disse ser o petista "inexperiente a ponto de não distinguir uma fábrica de cimento de uma obra sanitária", Lula disse: "Campanha eleitoral não pode ter nem garotada nem molecagem. É uma coisa muito séria. No dia em que eu me dispuser a ser candidato, posso refutar as insinuações do Garotinho. Até lá, as pessoas vão sendo medidas pelas bobagens que falam".
Lula está em caravana pela região de Furnas, em Minas Gerais, para "ver e conhecer" de perto os problemas que as populações que estão no entorno do lago da hidrelétrica de Furnas enfrentam com a escassez de água e a crise de energia. Até domingo, ele deve percorrer mais de 20 cidades.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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