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SUCESSÃO NO ESCURO
Petista diz que, caso seja privatizada, o vencedor em 2002 terá de "retomá-la para o Estado brasileiro"
Em MG, Lula fala em reestatizar Furnas
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IBIRACI
O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, caso
Furnas Centrais Elétricas seja privatizada pelo governo Fernando
Henrique Cardoso, o PT deverá
reestatizar a empresa de energia
se chegar ao Planalto em 2002.
A afirmação foi feita em cima de
um caminhão, na praça principal
de Ibiraci, cidade do sudoeste mineiro na região de Furnas.
O discurso de Lula, presenciado
por cerca de 600 pessoas-segundo os organizadores do ato-,
destoa do tom "light" que ele e o
PT vêm adotando.
Citando o governador mineiro,
Itamar Franco (PMDB), Ciro Gomes (PPS-CE) e o governador do
Rio, Anthony Garotinho (PSB),
ele afirmou: "É preciso que todos
esses candidatos tenham a coragem de assumir o compromisso
de que Furnas não será privatizada neste país".
"Se FHC fizer com Furnas o que
fez com as telecomunicações, privatizando às vésperas das eleições, qualquer um da oposição
que ganhar a eleição tem que ter a
coragem de retomar a empresa
para o Estado brasileiro", disse.
Segundo Lula, o compromisso
petista está registrado em documento do partido.
Ontem o governador do Mato
Grosso do Sul, Zeca do PT, advertiu o PT para as negociações que
Itamar pode fazer com os outros
pré-candidatos de oposição e disse que o partido deve tentar articular amplas alianças desde já.
Itamar é um dos maiores opositores da privatização de Furnas.
"O PT deve se preocupar com as
alianças que Itamar negocia. Juntos, os três (Itamar, Ciro e Garotinho) teriam um candidato muito
forte e essa soma dificulta. Mas essa lógica da soma deve ser seguida
pelo PT", disse Zeca. O governador esteve em Brasília ontem para
assinar um convênio com o ministro da Integração Nacional,
Ramez Tebet (PMDB).
Em Minas, Lula também criticou o presidente nacional do PFL,
senador Jorge Bornhausen (SC),
por ter dito anteontem que o PT
terá que "radicalizar" o seu programa econômico e que, caso
vença a eleição, os investidores
externos serão afugentados.
"O Bornhausen faz parte daqueles políticos que não merecem um
milímetro de confiança e atenção.
A imagem que guardo dele é a
imagem que guardo do Collor",
afirmou Lula.
Molecagem
Indagado sobre as críticas que
recebeu de Garotinho, que disse
ser o petista "inexperiente a ponto
de não distinguir uma fábrica de
cimento de uma obra sanitária",
Lula disse: "Campanha eleitoral
não pode ter nem garotada nem
molecagem. É uma coisa muito
séria. No dia em que eu me dispuser a ser candidato, posso refutar
as insinuações do Garotinho. Até
lá, as pessoas vão sendo medidas
pelas bobagens que falam".
Lula está em caravana pela região de Furnas, em Minas Gerais,
para "ver e conhecer" de perto os
problemas que as populações que
estão no entorno do lago da hidrelétrica de Furnas enfrentam
com a escassez de água e a crise de
energia. Até domingo, ele deve
percorrer mais de 20 cidades.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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