São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Simpatizantes do PT condenam economicismo cego

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os sociólogos que participam do seminário "A natureza da crise brasileira e suas vias de superação", de ontem até hoje em Porto Alegre, defenderam uma modificação no enfoque das discussões nacionais. A idéia central é trocar o que chamam de visão economicista atual pela adoção de temas prioritariamente sociais.
"É preciso, antes de tudo, baixar um pouco a bola dos economistas. Eles são parte do problema. O raciocínio centrado nos fluxos financeiros não reconhece as pessoas", disse Cesar Benjamin, que falaria sobre "A opção brasileira".
"O Brasil perdeu a capacidade de pensar grande. Temos de definir as questões principais. Precisamos reconhecer o espaço, as pessoas e o tempo", disse.
Emir Sader, que abordaria o tema "A esquerda na busca de uma estratégia", criticou o debate que se inicia para as eleições presidenciais de 2002, pois estaria "limitado ao economicismo, à crise econômica".
De acordo com Sader, dois temas devem ser prioritários: a nova inserção internacional do Brasil, com a ampliação das alianças, e a reforma do Estado, "com uma prioridade fundamental: a inclusão social".
"O Brasil esgotou um período histórico. A estabilidade da moeda não dá mais que isso."
Octávio Ianni, que trataria de "Neoliberalismo e neo-socialismo", classificou como principal desafio ""repensar as nações e as condições de soberania". "Temos de deixar de lado essa predominância do econômico. Quem de nós é apenas salário? Quem de nós é apenas profissão? Somos humanos."
Os três sociólogos concordaram que a crise socioeconômica vivida pela Argentina é o cenário que deve ser visto como exemplo a não ser seguido.
Sader chegou a dizer que o projeto econômico elaborado por economistas ligados ao PT podem levar o partido a ser "refém do economicismo".
O "neo-socialismo" defendido por Ianni como alternativa seria "a socialização das riquezas em escala mundial".
O seminário é o primeiro de cinco eventos. Os outros serão em Londrina, São Paulo, Recife de Belém.


Texto Anterior: Em MG, Lula fala em reestatizar Furnas
Próximo Texto: Garotinho defende assistencialismo e diz não temer rótulo de "populista"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.