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TELECOMUNICAÇÕES
Operadoras independentes reivindicam direito de transmissão do SporTV, exclusivo do sistema Globo-NET
TVs a cabo contestam "monopólio" da Globo
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Quarenta e cinco empresas de
TV a cabo entraram com processo na SDE (Secretaria do Direito
Econômico), do Ministério da
Justiça, contra as Organizações
Globo. Elas querem o direito de
transmitir o canal pago SporTV,
da Globosat, que tem exclusividade sobre os mais importantes
eventos esportivos do país.
O processo foi movido pela Associação Neo TV, de São Paulo. A
entidade funciona como uma
cooperativa das empresas de TV a
cabo que não fazem parte do sistema Net (Globo).
O processo na SDE começou em
maio e vinha sendo mantido em
sigilo, a pedido do ministério, que
quer evitar pressão da mídia durante a investigação.
As operadoras independentes
alegam que o modelo de comercialização dos canais pagos vigente no Brasil estaria levando ao
monopólio da Globo, que já concentra 63% dos assinantes de TVs
a cabo e de TV paga com transmissão por satélite.
O SporTV é um canal exclusivo
da Globosat e só é distribuído às
TVs a cabo afiliadas da Net Brasil,
empresa das Organizações Globo
que comercializa canais por assinatura. As associadas da Neo TV
querem comercializar o canal nas
mesmas condições financeiras
oferecidas aos afiliados da Net.
Um dos argumentos usados no
processo é o de que as Organizações Globo estariam usando seu
poder econômico na TV aberta
para conseguir exclusividade de
transmissão dos eventos esportivos para suas empresas a cabo.
ESPN
Argumentam também que a
Globo teria aumentado ainda
mais o desequilíbrio do mercado
ao comprar, em outubro do ano
passado, 25% da ESPN Brasil e
33% da ESPN Internacional.
A ESPN Brasil tinha, até 1997,
direito de transmissão do Campeonato Brasileiro de futebol, mas
perdeu esse direito para a Globo.
Atualmente, ela tem exclusividade de transmissão de alguns eventos esportivos, como os campeonatos de basquete de São Paulo e
do Rio de Janeiro e o campeonato
paulista de futebol de salão.
Antes de se associar à Globo, a
ESPN Brasil era sócia e programadora exclusiva da TVA, mas o
Grupo Abril vendeu sua participação na empresa. As operadoras
independentes, que têm contrato
em andamento com a ESPN, temem pelas condições de renovação dos contratos e querem que o
Ministério da Justiça se pronuncie
também a esse respeito.
Segundo os empresários, não há
diversidade de oferta de canais esportivos, como ocorre com os de
filmes e infantis, e os programadores ditam as regras no mercado, impondo pacotes de canais às
empresas de TV a cabo.
Um dossiê do setor obtido pela
Folha descreve da seguinte forma
o relacionamento entre as programadoras e os proprietários das
TVs a cabo: "Todas as negociações são baseadas no jogo de forças entre essas duas pontas. (...) A
exclusividade de programação
pode resultar em monopólio,
principalmente se a programadora e a operadora pertencerem ao
mesmo grupo empresarial".
O documento diz que menos de
10% das casas com aparelho de televisão têm TV paga e que este
baixo índice cria um círculo vicioso: quanto menos assinantes, menos investimentos em produções
locais e quanto menos produção
local, menor número de assinantes. "Assim, a TV aberta não encontra concorrente à altura." O
sistema de TV paga tem, no total,
3,4 milhões de assinantes.
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