São Paulo, sexta, 4 de julho de 1997.



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JULGAMENTO
Economista é inocente, diz Adriana
Filha de José Carlos depõe e acusa "anões"

AUGUSTO GAZIR
DANIELA FALCÃO
enviados especiais a Planaltina (DF)

Em depoimento no julgamento do economista José Carlos Alves dos Santos, Adriana Porto, filha do réu, disse que o pai se "deslumbrou" com o dinheiro da corrupção, "magoou" a mãe com suas amantes e se afastou da família. Mas afirmou que acredita na inocência do economista.
José Carlos é acusado de matar a mulher, Ana Elizabeth Lofrano, para ficar com a amante Crislene Oliveira. Os assassinos confessos, Lindauro da Silva e Valdei de Souza, o apontam como o mandante.
"A minha maior decepção (com José Carlos) foi o envolvimento dele com os assassinos de minha mãe por causa de Crislene. Daí a dizer que ele mandou matar é outra história", disse Adriana.
José Carlos teve uma crise de choro durante o depoimento da filha. O juiz permitiu que ele saísse do plenário, interrompendo o julgamento por dez minutos. Na saída, o economista apertou a mão de Adriana, que também chorava.
Consultada pelo juiz Ademar Vasconcelos, ela só aceitou voltar a falar na presença do pai. "Ele (José Carlos) saiu porque tem vergonha do que fez", disse Adriana.
Adriana disse que se sentia incomodada com o trabalho do pai como diretor de Orçamento do Congresso. "A gente era mais feliz sem deputado enchendo a paciência."
Afirmou que o pai, com suas amantes, traiu de forma "cruel e prepotente" a ela e a mãe. "Não estou aqui para acusar nem defender. Nossa relação mudou, as mágoas ficaram, mas nem por isso deixamos de ser pai e filha."
Adriana contou que sua mãe criticava os chamados "anões do Orçamento", parlamentares denunciados por José Carlos, e disse que o ex-deputado João Alves tratava seu pai como "escravo".
"Disse para a polícia que era possível alguém matar minha mãe por pensar que ela sabia demais. Mas eles não deram atenção." A defesa alega que o crime foi uma "queima de arquivo" encomendada pelos "anões".
Duas amantes de José Carlos também depuseram. Crislene Oliveira afirmou que "nunca levou a sério" José Carlos, quando ele dizia que iria se separar da mulher para ficar com ela. Christiane Silva falou das "festinhas" que José Carlos organizava.



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