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SUCESSÃO
Em dois dias, foram gastos pelo menos R$ 2,1 mi em anúncios durante os intervalos mais caros da Rede Globo
Governo faz ofensiva no horário nobre
ANNA LEE
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
O governo federal gastou,
nos primeiros
dois dias de junho, pelo menos R$ 2,1 milhões em anúncios institucionais nos intervalos do "Jornal Nacional" e da novela "Torre de Babel", ambos da Rede Globo. Esse
horário, das 20h às 21h40, é considerado o mais nobre e mais caro
da televisão brasileira.
O dinheiro gasto pelo governo
em 13,5 minutos de anúncios nesses dois dias equivale, no mínimo,
ao valor aproximado de 238 casas
populares, 17 mil cestas básicas,
16,4 mil salários mínimos e 159
carros populares (modelo Gol 1.0).
A estimativa foi feita pela Folha
com base na atual tabela de preços
da Rede Globo no mercado publicitário e no monitoramento da
programação da emissora.
O valor gasto nos comerciais,
porém, é certamente maior do que
R$ 2,1 milhões. Na tabela à qual a
Folha teve acesso, não constava
preço de anúncios de um minuto.
No dia 1º de junho, foram veiculados quatro comerciais de 30 segundos e três de um minuto durante o "JN". Nos intervalos da
novela, três anúncios de 30 segundos. No dia 2, foram exibidos três
comerciais de 30 segundos no noticiário e um de um minuto. Durante a novela, três comerciais de
30 segundos e três de um minuto.
Assim, mesmo para os anúncios
de um minuto, o cálculo foi feito
tomando os preços de intervalos
comerciais de 30 segundos de duração: R$ 110.689,00 (durante o
"Jornal Nacional") e R$
102.761,00 (durante a novela das
oito). Esses são os valores para
exibição em rede nacional.
Não é possível simplesmente dobrar os valores relativos a 30 segundos para saber o preço dos comerciais, porque as emissoras não
costumam duplicar os preços na
mesma proporção em que dobra o
tempo do anúncio. Por exemplo:
15 segundos de anúncio durante a
novela das oito custam R$
77.070,75, e 30 segundos custam
R$ 102.761,00.
A Folha tentou obter junto à Rede Globo a grade completa de
anúncios da programação e o critério para o cálculo do anúncio de
um minuto. O setor de divulgação
da emissora informou que não
fornece esses dados nem os valores gastos por seus clientes.
Ouvido pela Folha, um publicitário de uma das principais agências do Rio disse que, quando o
cliente é o governo, a Globo usa
"tabela cheia" (sem desconto) e
cobra à vista. Quando o cliente
quer escolher em que intervalo o
anúncio será inserido, a emissora
costuma cobrar de 20% a 30% a
mais sobre o valor de tabela.
A partir de hoje, o governo terá
de suspender praticamente toda a
publicidade institucional. O TSE
autorizou anteontem apenas três:
sobre o Código Brasileiro de Trânsito, inscrição para cursos preparatórios de militares e risco de incêndio próximo a redes de energia
elétrica da Eletrosul.
A lei proíbe os governos que têm
cargos em disputa de veicular publicidade nos 90 dias antes das
eleições, "salvo em caso de grave
e urgente necessidade pública".
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