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Menina quebra pedra e menino vende água para ajudar família
da Agência Folha, em Arcoverde (PE)
O trabalho infantil é uma rotina
em todo sertão nordestino castigado pela seca. Nos mais de 4.000
quilômetros percorridos pela reportagem da Agência Folha no
sertão de Pernambuco e da Paraíba, há dez dias, foi possível constatar crianças desenvolvendo atividades duras e difíceis, como quebrar pedra.
Girlandia Bezerra da Silva, 12,
quebrava pedra na última quarta-feira na rua do Lixo, na periferia de Arcoverde, no agreste pernambucano.
A rua do Lixo, sem asfalto, é cortada por uma linha de trem. Em
suas casas moram os excluídos da
cidade.
No início de junho, representantes de clubes de serviços
distribuíram em Arcoverde mil
cestas básicas, mas alegando medo
de tumulto deixaram para a polícia a distribuição na rua do Lixo.
Brita
Girlandia trabalha todos os dias
das 6h às 12h. Transforma em brita
para construção civil rochas colhidas pela mãe, Maria Lúcia Bezerra
da Silva, 37, a quem ajuda.
"Tive de colocar a menina no
trabalho duro. Com a seca ninguém tem dinheiro para comprar
a brita. Reduzi o preço da lata de
R$ 1,00 para R$ 0,60, mas ainda
não vendi nada esta semana", afirmou Maria Lúcia.
Potro
Na mesma rua do Lixo, trabalha
o menino Manoel Ferreira da Silva, 10. Ele vende 50 litros de água
por R$ 0,50. Silva olha para o jegue
e fala entre uma pergunta e outra:
"Meu sonho mesmo é ter um
potro para montar e passear,
quando eu for buscar capim para o
jegue".
Quanto tem sorte, diz ele, consegue trabalhar o mês todo, "sem
domingo e feriado", para ganhar
R$ 40,00. "Dou todo o dinheiro
para minha mãe. Se eu juntasse,
logo comprava o potro."
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