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Domingueira
O drama barroco baiano
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
É notável a tentativa do sr.
Antonio Carlos Magalhães de
tornar-se menos indigesto nos
arraiais sulistas, especialmente
paulistas. O senador baiano,
indicam as pesquisas, ainda está longe de ter chances mais
animadoras na região. Mas,
devagarinho, devagarinho,
quem sabe?
Para isso, o cacique do PFL
precisa, como já está tentando,
começar a seduzir a paulicéia,
da mesma forma que FHC conseguiu seduzir o Nordeste. Depois que o presidente andou de
burrico e comeu quitutes locais, agora cabe a ACM começar a falar "ô meu" e flertar
com algumas prestigiosas instituições bandeirantes como, por
exemplo, a USP.
Aguardemos para breve suas
opiniões sobre Mario e Oswald
de Andrade (sem isso não há
como se localizar no sistema
intelectual local), as idéias de
Luckács ou Walter Benjamin a
respeito da alegoria e, quem sabe, uma pequena apreciação,
no caso bastante pertinente, a
respeito do polêmico sequestro
do barroco na formação da literatura brasileira.
Por falar em sequestro, é de se
notar o sequestro do acento no
mundo globalizado. Telefonica
e Petrobras.
É escandalosa a transferência
da dívida de São Paulo inventada pelo sr. Paulo Maluf para
o bolso do contribuinte. O Planalto esperneia para a arquibancada. E a conta da reeleição vai crescendo.
O governo tenta arrumar a
casa para tentar iniciar o segundo mandato, até aqui um
corre-corre para apagar incêndios na área econômica. Não
são poucos -e são das mais diversas áreas- os que temem
pela decomposição do quadro
político.
O próprio ACM, como se viu
em suas últimas declarações,
não tem mais nenhum pudor
em censurar publicamente o estilo conciliador do presidente.
Resta saber se é plausível
uma mudança efetiva nesse aspecto e, caso ela ocorra, se surtirá algum efeito -ou irá apenas esfacelar-se nesse ambiente
gasoso em que vai se transformando o núcleo do poder.
Resta saber, também, se as
eventuais melhorias no quadro
econômico poderão reverter a
favor do presidente. Há motivos para acreditar que não,
mas ainda é muito cedo para
veredictos.
E a cimeira? Que palavrinha
mais lusa, não? E por que todos
embarcamos nela? Você já viu
alguém no Brasil falar "cimeira"? "Vou promover uma cimeira lá em casa". "Meu bem,
que tal uma cimeira hoje à noite?"
Minha vizinha achava que
era uma sigla, tipo Convescote
Internacional Mercantil Inútil e
Rachado. De fato, um churrascão de bacanas internacionais
para discutir teses importantíssimas, mas sem nada de efetivo
decidido.
Ao menos o Rio tornou-se
mais belo.
Kate Moss e Emmanuelle
Béart esses dias em São Paulo.
Calma, meninos.
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