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QUESTÃO AGRÁRIA
Ministério contabiliza 232 áreas em litígio; cortes orçamentários reduzem número de assentados
Invasões crescem; assentamentos caem
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O número de
invasões de terra aumentou
proporcionalmente neste
ano, e o de assentamentos
caiu. O Ministério de Política Fundiária já contabilizou 232 invasões de terra em
1999. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) informa que invadiu até maio deste
ano 149 áreas, mas reconhece que o
número está acima da média de
anos anteriores (em todo o ano de
1997, por exemplo, houve 173 invasões; o movimento diz não dispor
do número sobre 1998).
O ritmo do assentamento de
sem-terra no país caiu este ano
cinco pontos percentuais.
A queda ocorreu no primeiro semestre em relação ao mesmo período dos últimos quatro anos por
causa do corte de 47% no orçamento federal proposto para a reforma agrária. Essa é uma das razões para o aumento das invasões,
segundo a coordenação nacional
do MST (leia texto na pág. 1-15).
A partir deste mês, o governo
pretende reaquecer o assentamento de agricultores para enfrentar as
críticas de que a "estagnação" da
reforma agrária teria estimulado
desde abril novos focos de tensões
fundiárias, especialmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul.
Entidades ligadas aos sem-terra,
como o MST, afirmam que a diminuição do ritmo estimula protestos e novas invasões e até incentiva
o surgimento de grupos mais radicais que defendem a luta armada,
como está sendo investigado pela
Polícia Federal em assentamentos
de Rondônia.
Uma das principais críticas ao
governo se refere à suspensão de
créditos concedidos aos recém-assentados. Isso se deve em parte às
modificações das linhas oficiais de
crédito destinadas aos assentados
e aos agricultores estabelecidos.
Novas regras foram definidas na
semana passada.
Números
Dados divulgados pelo Ministério Extraordinário de Política Fundiária apontam que, no ano passado, o governo já havia assentado
cerca de 20 mil famílias até junho,
correspondendo a quase 20% da
meta de 100 mil famílias.
Neste ano, foram assentadas 13
mil famílias, o que corresponde a
apenas 15% da meta prevista para
99, que é de 85 mil famílias.
Ainda este mês deverá ser recomposto o orçamento da reforma
agrária, prevê o ministro Raul
Jungmann (Política Fundiária).
Deverá ficar perto do R$ 1,9 bilhão
utilizado em 98 para assentar pouco mais de 100 mil famílias.
"Houve uma queda no ritmo de
assentamento, mas isso não é nenhuma coisa do outro mundo porque o governo está mais preocupado na melhoria da qualidade dos
assentamentos", disse o ministro.
A assessoria do ministro avalia
que fatores ideológicos contribuíram para acirrar a disputa de terras
no Mato Grosso do Sul, após a eleição de um governo do PT, e a retomada dos despejos em terras produtivas no Paraná por pressão dos
fazendeiros.
Segundo ele, além do orçamento
de R$ 1,4 bilhão deste ano, mais R$
460 milhões serão alocados para
recém-assentados pelo Pronaf
(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Outros R$ 220 milhões também
serão aplicados para viabilizar o
funcionamento do Banco da Terra,
instituição criada como o apoio do
Banco Mundial para financiar a
compra da terra por produtores.
Estudo da Unicamp aponta que
os preços de imóveis praticados
pelo programa Cédula da Terra,
experiência do Banco da Terra, são
em média mais baixos do que os
preços de mercado.
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