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Empresas são especializadas, afirma Mendonça
da Reportagem Local
O secretário estadual da Cultura,
Marcos Mendonça, diz que as empreiteiras Spenco e Construtécnica
monopolizam as obras de sua pasta porque são especializadas em
restauro histórico.
A entrada da Spenco no consórcio que transformou a estação ferroviária Júlio Prestes em complexo
cultural não é irregular, segundo
Mendonça. "A responsabilidade
da obra continua sendo da Triunfo
e da Acciona. Com a entrada da
Spenco, estou aumentando as garantias do Estado."
Questionado sobre quais garantias uma empreiteira em concordata, como a Spenco, poderia oferecer, ele diz que a Lei das Licitações não veta a participação de
concordatários.
Para Mendonça, é questionável a
tese defendida por dois especialistas consultados pela Folha, segundo a qual a entrada da Spenco no
consórcio é irregular porque a empresa não foi julgada pela comissão de licitação.
"Posso ligar para vários advogados e eles vão ter a mesma tese que
tenho, de que estou aumentando
as garantias." Para o secretário, a
mudança no consórcio não caracteriza crime de improbidade administrativa porque o interesse
público não foi ferido.
No caso do Arquivo do Estado,
Mendonça diz que houve ganhos
para o Estado. Segundo ele, o contrato original, assinado no governo Quércia, era equivalente a R$ 27
milhões. "Reduzimos o valor do
contrato (para R$ 22 milhões) e
terminamos a obra. Nesse projeto,
eles (a Spenco) tiveram uma perda, deixando de ganhar o valor
ajustado anteriormente."
Também houve ganho para o Estado, segundo Mendonça, quando
a secretaria entregou a captação de
recursos para restauração do Teatro São Pedro para o Ilam (Instituto Latino-Americano).
A obra foi feita com recursos privados, captados por meio da Lei
Rouanet, de incentivos à cultura. O
Ilam entregou a obra à Spenco, diz
Mendonça, porque a Método, vencedora da licitação, havia transferido o contrato para a empreiteira.
"A Procuradoria do Estado aprovou tudo", conta.
Ivan Isola, coordenador do projeto Nova Vera Cruz, diz que a licitação para a reconstrução dos estúdios, feita pela Fundação Padre
Anchieta, não foi dirigida.
"Não existe licitação dirigida em
que concorrem quatro consórcios,
formados por 11 empresas. Se houvesse favorecimento haveria um
consórcio só", afirma.
Segundo ele, a exigência de que a
empreiteira já tivesse realizado
obras de restauro histórico deve-se
ao fato de que os estúdios da Vera
Cruz são tombados pelo patrimônio histórico de São Bernardo do
Campo. "Quando se fala de restauro não se fala simplesmente de prédio. É um restauro de finalidade.
As exigências visam garantir a alta
qualidade da obra".
Ele diz que a licitação não sofreu
nenhuma contestação jurídica, "o
que é um índice de lisura".
A Folha procurou o governador
Mário Covas anteontem. Segundo
sua assessoria, não houve tempo
de informá-lo sobre a questão.
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