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CRISE MUNICIPAL
Pressionados pela LRF, municípios tentam, por meio da reforma tributária, obter recursos da Cide e CPMF
Prefeitos buscam Orçamento maior para 2004
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Apertados pela queda de repasses federais e pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), prefeitos
querem aproveitar o espaço aberto pela reforma tributária para garantir dinheiro agora, um ano antes das eleições municipais de
2004. Os municípios pedem participação maior na arrecadação tributária, principalmente na receita
das contribuições sociais, como
Cide (sobre combustíveis) e
CPMF (o imposto do cheque).
Os prefeitos reclamam que a
participação dos municípios na
arrecadação caiu de 19% para
13,8%, desde 1990. O principal
motivo é que, nesse período, o governo federal aumentou sua receita por meio da criação de contribuições sociais, que não precisam ser compartilhadas com governadores nem com prefeitos.
A LRF, que impede o município
de gastar mais do que arrecada, limita ainda mais as ações do prefeito em anos eleitorais. Em ano
de eleição municipal, a lei proíbe
que sejam criadas a partir de maio
despesas não previstas no Orçamento. Ou seja, é preciso garantir
um Orçamento mais generoso
para 2004 desde já.
Apesar da crescente mobilização de entidades municipalistas,
prefeitos e deputados federais que
se reuniram com os ministros
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
José Dirceu (Casa Civil) na semana passada dizem que o governo
federal não aceita dividir a CPMF
com prefeitos.
"Na reforma tributária, [os ministros] não deram sinalização de
mudança em relação aos municípios, mas reconhecem que nós
[prefeitos] perdemos recursos e
reconhecem a procedência de
nossas emendas e propostas", disse Paulo Ziulkoski (PMDB), presidente da CNM (Confederação
Nacional dos Municípios) e prefeito de Mariana Pimentel (RS).
Na reunião, o ministro da Fazenda acenou com a possibilidade
de ampliar o período de restituição do Imposto de Renda, normalmente concentrado nos meses de junho a agosto, para minimizar o impacto das restituições
do FPM (Fundo de Participação
dos Municípios) -formado por
22,5% da arrecadação dos impostos sobre a renda (IR) e sobre produtos industrializados (IPI).
Nos meses em que se concentram as restituições de IR, há queda nos repasses do FPM. Neste
ano, a redução foi mais profunda
devido à queda na atividade econômica, que afetou o IPI.
Reforma tributária
Os prefeitos apostam agora nos
congressistas para a aprovação de
uma reforma tributária mais benéfica aos cofres municipais. A
CNM articula a criação de uma
frente parlamentar de prefeitos,
que, segundo Ziulkoski, já reúne
240 deputados federais -número inferior aos 308 deputados necessários à aprovação da reforma.
Nesta semana, a CNM organiza
uma nova mobilização de prefeitos em Brasília. "Articulamos a
Frente Parlamentar de Prefeitos,
que já reúne 240 deputados e que
defenderá e votará em nossas propostas na reforma tributária", informou Ziulkoski.
"Brasília respeita muito as pressões. Está provado com os juízes",
disse o deputado Gerson Gabrielli
(PFL-BA), vice-presidente da comissão especial da reforma tributária. "Qualquer moção municipalista tem um apelo muito grande", disse o deputado Luiz Carlos
Hauly (PSDB-PR), também vice-presidente da comissão especial.
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