São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / REFORMA POLÍTICA

Constituinte é idéia genial, afirma Lula; Alckmin critica tese

Presidente diz que isso evitaria que Congresso legislasse em causa própria; tucano vê tentativa de desviar o debate

Ex-governador declara que Constituição não elimina corrupção e que "para pôr ladrão na cadeia não precisa de uma nova Carta Magna"


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem de "genial" a proposta de realizar uma Constituinte exclusiva para realizar a reforma política no país e disse não saber se "as pessoas que estão legislando em causa própria podem fazer a reforma". Já Geraldo Alckmin (PSDB), seu principal adversário, afirmou ser contra a convocação de uma Constituinte. Para o tucano, Lula usa a proposta de reforma política para "desviar o tema da corrupção".
O presidente defendeu a reforma política após dizer que é necessário resgatar a "respeitabilidade da política brasileira": "Agora não sei se as pessoas que estão legislando em causa própria podem fazer a reforma que a sociedade precisa. É apenas isso. Eu penso que é uma polêmica boa [a da Constituinte]. Eu aprecio muito a idéia. Acho que a idéia é genial", disse Lula, que ontem visitou obras das plataformas da Petrobras P-51 e P-52, em Angra dos Reis (RJ).
O petista afirmou que, em reunião anteontem com especialistas em direito, "saiu a idéia" da Constituinte, da qual o governo poderia ser "o indutor da proposta" encaminhada pela sociedade civil organizada.
Se a proposta vingar, será a primeira Assembléia Constituinte a tratar de um único tema: as demais reformaram toda a Constituição. O presidente disse, no entanto, que mais importante do que a idéia de realizar a Constituinte é a necessidade de uma reforma política "profunda". "Mais importante é que a gente tenha uma reforma partidária forte. Tenha um funcionamento do Congresso forte. É que a gente tenha uma reforma que leve em conta desde o financiamento de campanha até o comportamento dos partidos políticos." Proibido de participar de inaugurações, Lula negou que tenha ido a Angra em campanha: "Venho aqui como alguém que viu nascer essas plataformas". Lula deu autógrafos aos funcionários.

Contra
No seu primeiro ato de campanha ao seu lado o ex-presidente Itamar Franco (sem partido), Alckmin atacou a proposta da Constituinte exclusiva destinada à reforma política.
"Eu sou contra. Qual é essa reforma política? É fazer uma Assembléia Nacional Constituinte? Já não basta um Congresso, vão ser dois para para fazer uma reforma política? Isso é para desviar o tema da corrupção, só pode ser, porque é tão sem sentido isso." Segundo ele, "a Constituição não resolve o problema da corrupção: para pôr ladrão na cadeia não precisa de uma nova Carta Magna".
Mas Itamar e Alckmin desafinaram no assunto. Itamar sempre defendeu uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política e de outras reformas, como a que contemple o pacto federativo. Ele disse ser "um bom pensamento a idéia dele [Lula]", se não ficar restrita apenas à reforma política.
Em Belo Horizonte, Alckmin disse que, se eleito, vai manter a cobrança da CPMF, porque a contribuição de 0,38% "por enquanto é necessária".


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